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FT: BHP e Vale vivem momento de alta graças à demanda por minério de ferro

A BHP, maior mineradora do mundo, divulgou que suas operações principais de minério de ferro arrancaram seu novo ano financeiro em alta velocidade, enquanto a rival brasileira Vale anunciou um forte aumento na produção do material.

O grupo australiano informou que sua produção de minério de ferro, matéria-prima cor de ferrugem usada na produção de aço, chegou a 74 milhões de toneladas no trimestre encerrado em setembro, o que a encaminha a superar a meta anual de 276 milhões a 286 milhões de toneladas.

A Vale, por sua vez, informou ter produzido mais de 88,6 milhões de toneladas no mesmo período, 30% a mais do que nos três meses anteriores e a maior quantidade desde o rompimento da barragem em Brumadinho que matou 270 pessoas em 2019 no Brasil e afetou significativamente sua produção.

O minério de ferro vem sendo a commodity de melhor desempenho em 2020, com aumento de 28% na cotação, que chegou a cerca de US$ 120 por tonelada, a maior em sete anos, impulsionada pela forte demanda na China e por problemas de fornecimento no Brasil, que foi afetado duramente pela pandemia da covid-19.

Esse quadro tem rendido lucros enormes para a BHP e a Vale, assim como para outros grandes produtores, como a Rio Tinto e a Fortescue Metals Group, que podem extrair o material da terra a um custo inferior a US$ 15 por tonelada.

Os preços, no entanto, podem ficar sob pressão de queda, se a Vale mantiver sua produção de quase 1 milhão de toneladas por dia e as rivais continuarem operando sem interrupção.

Também há sinais de que a demanda começa a perder força na China, onde os estoques nos portos passaram a mostrar tendência de alta e o reabastecimento pelas usinas siderúrgicas tem sido decepcionante desde o feriado da Semana Dourada, no início de outubro. Os comercializadores de minério de ferro também estão preocupados com as restrições que poderiam ser impostas neste inverno chinês às grandes siderúrgicas em Tangshan, maior cidade produtora de aço no país.

“Se a Vale mostrar que pode operar nesse ritmo de produção por um trimestre de forma sustentada é provável que isso seja negativo para as previsões [de preço] do minério de ferro”, disse Tyler Broda, analista do RBC Capital Markets. “Dito isso, continuamos vendo potencial de déficit [de oferta] nos mercados de minério de ferro em 2021, caso o crescimento das usinas chinesas continue sendo positivo, mesmo que apenas modestamente.”
No segundo trimestre, a produção da Vale teve problemas, quando foi impactada pela pior fase da pandemia, pelo clima chuvoso e pela manutenção de sua enorme mina S11D, na floresta amazônica.

Embora as vendas tenham se mantido abaixo da produção, em função do reabastecimento dos seus estoques, analistas agora acreditam que a Vale atingirá a margem mínima de sua previsão anual de produção, de 310 milhões a 330 milhões de toneladas, algo que parecia improvável no início do ano.

“Prevemos que a produção continuará subindo em 2021, disse Christopher LaFemina, analista do banco de investimento Jefferies.
Falando no encontro FT Commodities Mining Summit, na última sexta-feira, o executivo-chefe da Vale, Eduardo Bartolomeo, previu que a empresa estará com um ritmo anual de produção de 400 milhões de toneladas de minério de ferro até o fim de 2022 ou início de 2023.

“Isso está totalmente ao alcance de nossas mãos”, disse Bartolomeo. Antes do desastre em Brumadinho, a Vale produzia 385 milhões de toneladas por ano.
O executivo também disse que tem condições de fornecer mais toneladas ao mercado, caso demandado pelos clientes na China, que ameaçam usar sua influência para desenvolver o gigantesco depósito de minério de ferro Simandou, na Guiné.

“É difícil dar uma opinião sobre Simandou, mas posso te dizer que a Vale tem condições de suprir o mercado com volume e qualidade […] o quanto antes”, disse Bartolomeo.
Falando no mesmo evento, Fadi Wazni, chefe de um consórcio com capital chinês que almeja desenvolver metade da capacidade de Simandou, disse que uma mina com produção entre 60 milhões e 80 milhões de toneladas por ano poderia já estar em funcionamento em 2025.

 

 

 

Fonte: Valor

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