Exportações de açúcar de Alagoas para China caem 98,4%
A economia mundial está sob ameaça, mas não em decorrência dos preços das commodities, que estão em queda no caso do petróleo, devido à falta de acordo entre os países produtores. O vilão do momento se chama coronavírus, doença agora identificada como Covid-19, surgida no final de 2019, na China, mas que, nesta última semana, já havia se espalhado por mais de 90 países com mais de 100 mil casos suspeitos em todo o mundo, incluindo o Brasil.
Além da retração econômica, o resultado provocou queda nas bolsas de valores. Neste cenário, a crise também pode chegar a Alagoas, principalmente às exportações de açúcar, um dos principais produtos que saem do estado.
Como a China é o principal comprador de produtos brasileiros, dados do comércio exterior já indicaram queda de 10% no volume de exportações ao país asiático no último mês de janeiro. Nesta última semana, conforme divulgado pelo jornal Valor Econômico, o índice Ibovespa – Bolsa de Valores de São Paulo e uma das principais do mundo – chegou a cair 5,6%.
Em Alagoas, o Sindicado da Indústria do Açúcar e do Álcool (Sindaçúcar-AL) divulgou crescimento de 9,1% na produção de cana na safra 2019/2020 em relação ao ano anterior.
A entidade informou ainda, por meio de boletim, que já foram produzidas pelas usinas, nos últimos cinco meses, mais de um milhão de toneladas de açúcar, um aumento de aproximadamente 10% com relação ao mesmo período da moagem anterior e 377 mil litros de etanol – um crescimento positivo de 4,4%. Os dois produtos estão na lista dos principais itens de exportação de Alagoas.
“No momento, vemos um reflexo no aumento do preço do açúcar no mercado internacional, o que é bom para Alagoas, mas, como o setor tem reagido à presença do coronavírus e a União Europeia também produz açúcar, pode gerar estoque por aqui, se houver restrição no mercado internacional. Esse pode ser o reflexo que o vírus pode ter em nosso setor, mas não sabemos se vai haver restrição. Ainda não podem avaliar o impacto total”, pontuou Edgar Filho, presidente da Associação dos Produtores de Cana de Alagoas (Asplana).
Para o economista Jarpa Aramis Ventura de Andrade, nos últimos dias, como o número de casos de suspeitos do coronavírus tem crescido no Brasil – em Alagoas, segundo dados do Ministério da Saúde, eram sete casos suspeitos até esta última sexta-feira -, o quadro acaba por levar temor às pessoas e, com isso, pode resultar na retração da economia.
“Esse tipo de problema vai se alastrando e a saúde pública não consegue conter e termina gerando realmente um comportamento diferente nas pessoas, que começam a ter medo, receio de sair às ruas. Com isso, deixam de ir às academias, supermercados, faculdades. Enquanto reduz o movimento, termina reduzindo a atividade econômica, que resulta em demissões. É um ciclo pernicioso na economia. A atividade econômica começa a desacelerar”, descreveu.
Embora reconheça que o quadro atual em relação a Alagoas ainda é de indefinição e, até o momento, pouco se sabe quando a situação [sobre o vírus] irá se estabilizar, e mesmo apesar do posicionamento do poder público, que não vê motivo para pânico, as pessoas ainda estão temerosas.
“Se o surto explode, então passa a diminuir substancialmente a atividade econômica em Alagoas. Quando se tem um problema de saúde como este, começa a se proibir a circulação de pessoas e mercadorias em determinada região [como ocorre na China] e isso começa a gerar um grande problema, devido à transmissão entre as pessoas. Vai depender do quanto nosso sistema de saúde está preparado para isso também, mas deve haver sim desaceleração econômica. Nós já tivemos uma década perdida e podemos ter outra, devido à imprevisibilidade. Não temos como prevê doença”, acrescentou Jarpa Aramis.
Fonte: Gazeta de Alagoas