Exportação e custo menor podem garantir bom ano na suinocultura
Depois de atravessar um 2018 desafiador, o setor suinícola está mais otimista, à espera de uma recuperação em 2019. A perspectiva positiva está pautada, segundo pesquisadores Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, nos possíveis incrementos das exportações da carne suína (principalmente a países asiáticos) e redução dos custos de produção (especialmente devido ao aumento na produção nacional de grãos).
No caso das exportações nacionais de carne suína, dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicam que podem crescer cerca de 7% em 2019. O departamento estima aumento na demanda da China pela proteína suína, tendo em vista a redução do rebanho daquele país devido à disseminação da Peste Suína Africana. Vale lembrar que, em 2018 (até novembro), a China foi destino de 25% da carne suína brasileira exportada, com o volume total superando em quase 3 vezes o do ano anterior. Para 2019, o USDA estima que as importações chinesas aumentem 7%; Cingapura e Hong Kong devem registrar crescimentos de 3% nas compras internacionais da proteína.
Em relação à Rússia, mesmo com o recente retorno das compras no Brasil, as exportações ao país euroasiático não devem deslanchar em 2019. Isso porque a Rússia investiu na produção de suínos e deve reduzir o volume importado. Vale lembrar que, até 2017, a Rússia era o principal destino da carne suína brasileira e, em 2018, manteve embargo em praticamente todo o ano.
Quanto aos custos de produção, a oferta de milho e de farelo de soja – principais componentes da ração animal – deve ser mais elevada neste ano, o que pode impedir, ou ao menos limitar, fortes altas nos preços desses insumos. De acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgados em dezembro, a safra 2018/19 de milho deve aumentar 12,8% frente à anterior. No caso do farelo de soja, o incremento previsto na produção doméstica é de 4,09%.
A produção brasileira, por sua vez, deve aumentar 3% em 2019, segundo previsões do USDA, elevando o excedente doméstico de carne. Apesar disso, o esperado aumento das exportações e o possível incremento da demanda doméstica pela proteína tendem a equilibrar a oferta interna do produto.
Neste caso, o consumo interno de proteínas pode se aquecer, impulsionado pela esperada retomada da economia, que tende a elevar o poder de compra do brasileiro. Projeções do Banco Central indicam crescimento de 2,5% no PIB em 2019 e estabilidade no índice oficial de inflação (IPCA), que deve ficar em 4%.
Fonte: Agrolink