Exportação de aço impulsiona crescimento econômico do Nordeste
Com a economia ainda em recuperação, o Ceará vem apresentando resultados acima da média do Nordeste tanto no setor da indústria como no do comércio. Segundo o chefe do Departamento Econômico (Depec) do Banco Central (BC), Tulio Maciel, a produção cearense de aço é um dos fatores que vêm estimulando a economia do Estado.
“O que nós vimos é que a guerra comercial entre China e Estados Unidos não afetou as exportações (de placas de aço) da CSP (Companhia Siderúrgica do Pecém). E a balança comercial do Ceará, que assim como a do Nordeste, é deficitária, apresentou um superávit no primeiro trimestre”, disse durante a apresentação do Boletim Regional do BC.
Nos três primeiros meses de 2019, a balança comercial cearense apresentou um saldo de US$ 63,6 milhões, sendo o primeiro superávit para o trimestre desde 2007. No ano passado, por exemplo, o Estado havia registrado um déficit de US$ 124,1 milhões no primeiro trimestre. O resultado deste ano foi puxado, principalmente, pelas exportações de “ferro fundido, ferro e aço”, que somaram US$ 263,1 milhões, o equivalente a 7,4% de todas as exportações da região Nordeste de janeiro a março.
“No Ceará, você tem uma indústria muito heterogênea, mas o setor de metais está crescendo muito expressivamente a taxas bem significativas”, disse Maciel. “O setor de calçados também cresceu, mas outros setores tradicionais já não crescem como antes”. Entre os principais produtos exportados de janeiro a março, o setor calçadista exportou US$ 79,3 milhões e o de castanha de caju US$ 27,2 milhões.
De acordo com dados divulgados ontem (24) pelo BC, a produção industrial no Estado avançou 0,4% nos últimos 12 meses terminados em março, enquanto no Nordeste houve queda de 0,5% e, no Brasil, avanço de 0,5%. Já o volume de vendas do comércio no Ceará avançou 2,8% no mesmo período, contra 2,5% do Nordeste e 4,9% no Brasil.
Divisor de águas
Durante a apresentação dos resultados, o analista do Depec em Fortaleza, Afonso Eduardo Jucá, ao se referir às exportações, destacou que “existe o Ceará antes e depois da CSP”. Para o economista Ricardo Coimbra, a siderúrgica, gerou uma nova perspectiva para o Estado, com uma maior participação no mercado externo. “Além de termos um superávit depois de muitos anos, as perspectivas é de que a produção cresça nos próximos anos, com possibilidade de ampliação da planta, o que deverá atrair novos investimentos”, disse.
No primeiro trimestre, o volume de exportações cearenses cresceu 9,8%, enquanto as importações caíram 22,7%. O principal comprador de produtos cearenses foram os Estados Unidos (US$ 199,2 milhões), seguidos pela Itália (US$ 76,6 milhões), Alemanha (US$ 23,6 milhões) e México (US$ 44,0 milhões).
Agropecuária
No acumulado de 12 meses terminados em fevereiro, a economia do Ceará avançou 1,3%, superando a média do Nordeste (0,7%) e do Brasil (1,2%), segundo o BC. Para Jucá, o resultado do trimestre foi puxado também pelo setor agropecuário, devido às chuvas acima da média dos anos anteriores. A produção de grãos para este ano está prevista em 660 toneladas, 4,3% superior à do ano passado.
Já Tulio Maciel ressaltou que, embora a participação da agropecuária no Produto Interno Bruto (PIB) do Estado seja de pouco menos de 6%, o agronegócio tem uma participação maior, considerando o comércio de insumos e de máquinas e equipamentos.
Comércio
De acordo com o Boletim Regional do BC, a recuperação da economia cearense teve início em meados de 2016, puxada pela retomada da produção agrícola. E, posteriormente, o mercado de trabalho, as vendas no varejo, o crédito às famílias e as exportações, contribuíram para retomada da atividade.
De acordo com Tulio Maciel, o crescimento do crédito à pessoa física no Ceará foi um dos diferenciais do Estado em relação à região Nordeste. “O crédito para pessoa física aumentou em 2018, particularmente a modalidade de crédito para aquisição de veículos, que teve um desempenho muito bom em 2018 e no início de 2019”.
“A retomada do PIB cearense em 2018 foi de 1,0%, mais próxima da média nacional (1,1%) e do que a média do Nordeste (0,7%). Inclusive, nosso estado foi o único da região Nordeste em que houve crescimento de emprego formal nos últimos 12 meses, o que puxa o setor de Serviços e ajuda nesta retomada da economia”, diz Marco Barros, consultor da SM Consultoria.
Brasil
Durante a apresentação, Maciel ressaltou que a economia brasileira permanece em tendência de recuperação, mas o Nordeste tem apresentado um ritmo mais lento de retomada, sobretudo pela alta taxa de desemprego que impactou negativamente o setor do comércio e de serviços. “O desemprego no Nordeste saltou de cerca de 8% em 2014 para mais de 14% em 2016 e 2017, o que explica esse crescimento lento do comércio”, disse.
A produção cearense de aço é um dos fatores que vêm estimulando a economia do Estado, que vem apresentando resultados acima da média do Nordeste tanto no setor da indústria como no do comércio.
Fonte: Diário do Nordeste