Evento debate soluções para problemas de navegação na hidrovia Tietê-Paraná
Dentro do barco Aquarius, que partiu de Barra Bonita (SP), aconteceu a segunda edição do Capital da Navegação, evento que reuniu transportadores e representantes do poder público para debater a navegação na hidrovia Tietê-Paraná.
Ela viabiliza o transporte de cargas entre a hidrovia Paraná e os municípios de Pederneiras e Anhembi, em São Paulo. Com 2.400 quilômetros de extensão, dos quais 1.267 quilômetros são economicamente navegados, conforme a Antaq (Associação Nacional de Transportes Aquaviários), tem potencial para ser uma das maiores do mundo, segundo o presidente da Fenavega (Federação Nacional das Empresas de Navegação Aquaviária), Raimundo Holanda. Para isso, no entanto, requer gestão e investimentos em infraestrutura.
Entre as principais intervenções para ampliar o potencial de navegação na hidrovia, estão o desassoreamento e a construção de novas barragens. Além disso, há o término do derrocamento de Nova Avanhandava, considerado um dos pontos mais críticos para a navegação, que ampliará a profundidade para a passagem das embarcações, e a abertura de vãos na ponte Barbosa e na ponte do Porto de Ferrão, ambas em São Paulo. “Com o término dessas três obras, existe a expectativa da diminuição de dez horas no tempo do percurso”, explica Luizio de Rizzo, presidente do Sindasp (Sindicato dos Armadores de Navegação Fluvial do Estado de São Paulo).
Para o presidente da Fenavega, Raimundo Holanda, a navegação é um dos principais segmentos para o desenvolvimento do Brasil. “É por meio dela que 95% de todas as exportações nacionais ocorrem. Mas, infelizmente, a sociedade não entende a navegação. Deixo a pergunta: existe, de fato, uma hidrovia aqui, diante de tantos problemas?”, questiona. Conforme o estudo Aspectos Gerais da Navegação Interior no Brasil, divulgado pela CNT (Confederação Nacional do Transporte) em 2019, embora as vias navegáveis no Brasil sejam chamadas de hidrovias, o país não tem, de fato, hidrovias nos moldes que esse tipo de infraestrutura requer. O sistema Tietê-Paraná é o que mais se aproxima de uma hidrovia. Entretanto, a falta de confiabilidade e a impossibilidade de uma oferta constante de transporte (sobretudo pelas recorrentes interrupções da navegação para o atendimento a outros usos dos recursos hídricos), a carência de manutenção das infraestruturas, entre outros aspectos, fazem com que essas vias interiores ainda não atendam a todos os padrões de qualidade observados em hidrovias de referência em outros países.
Em 2019, pela hidrovia, foram transportadas 5,6 milhões de toneladas de produtos, conforme a Antaq. As principais cargas transportadas são soja, farelo de soja, milho, areia e cana de açúcar. Para se ter uma dimensão da importância da hidrovia, um comboio com quatro barcaças, formação que geralmente navega na Tietê-Paraná, corresponde à carga transportada por 180 caminhões grandes ou até 200 caminhões médios (6 toneladas).
O presidente do Sindasp, Luizio de Rizzo, frisa que o encontro mostra a necessidade de se solucionarem problemas antigos na hidrovia Tietê-Paraná que atrapalham a navegação. “Precisamos mostrar os problemas da hidrovia. São obras paradas, eclusas que precisam de reformas, entre outros. Precisamos do apoio dos órgãos responsáveis para resolvê-las. A hidrovia é uma rota importante no escoamento de grãos e de outros produtos. As questões jurídicas ainda estão muito lentas, e acabamos perdendo credibilidade por não conseguirmos solucioná-las”.
O Capital da Navegação foi uma iniciativa da Fenavega e do Sindasp e contou com o apoio da CNT (Confederação Nacional do Transporte). Também participaram do evento representantes do Sindarma (Sindicato das Empresas de Navegação Fluvial no Estado do Amazonas), Sindarpa (Sindicato das Empresas de Navegação Fluvial e das Agências de Navegação no Estado do Pará), Sindarsul (Sindicato dos Armadores de Navegação Interior dos Estados do Rio Grande do Sul), Sindfluvial (Sindicato das Empresas de Travessia e Navegação, Transporte de Passageiros, Veículos e Cargas Lacustres e Fluvial do Estado de Rondônia) e Sindporto (Sindicato Nacional das Empresas de Navegação de Apoio Portuário).
A primeira edição do Capital da Navegação ocorreu em novembro, em Porto Velho (RO).
Fonte: CNT