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Escoamento da produção industrial do AM em rota Manaus-Equador é alvo de debate

Apesar dos esforços da Assembleia Legislativa do Estado em manter os diálogos em torno do projeto Manta-Manaus, como alternativa para escoar a produção industrial do Amazonas, setores da navegação e logística local não acreditam que essa seja a solução mais viável para as exportações do Polo Industrial de Manaus (PIM). O assunto voltou a ser discutido, na semana passada, na sede do legislativo estadual, quando um grupo de representantes do Equador se reuniu com empresários e representantes de órgãos do Estado, como Sebrae e Sepror. O encontro foi intermediado pelo deputado Sinésio Campos (PT), o maior entusiasta do projeto.

Na análise do petista, a rota Manta-Manaus, um trecho de rodovia desde o Porto de Manta, no Equador, até o Porto Providência, na Amazônia equatoriana, é apontada como uma nova e mais rápida opção de transporte para encurtar o alcance de outros mercados, como China e Japão, por meio do oceano Pacífico. “Trata-se de um projeto estratégico para os dois países que pretende incrementar o comércio através de hidrovia”, defende o parlamentar.

Mas, onde os olhos do deputado veem vantagens, especialistas do ramo de navegação e logística afirmam que “não é bem assim”. Para o diretor adjunto da Coordenadoria de Sistemas de Transporte e Logística da Fieam, Augusto Rocha, a operação parece apenas fazer sentido quando se observa a rota nos mapas, sem se preocupar no trecho como um todo: porto a porto, rio a rio e a complexidade burocrática da importação de produtos. “Este projeto tem vindo para pauta faz anos, e ele não prospera pela inviabilidade prática da operação”, critica Rocha.

O diretor da Fieam, porém, não descarta a possibilidade de que o corredor Manta-Manaus seja uma oportunidade, desde que seja reaproveitado para o intercâmbio do comércio regional entre Equador e Amazonas. “Não para a logística do Polo Industrial de Manaus”, esclarece.

E, as críticas ao projeto não param por aí. O empresário do ramo da navegação, Claudomiro Carvalho, que também é membro da diretoria da Federação Nacional de Navegação (Fenavega) é taxativo ao afirmar que, apostar todas as fichas no projeto Manta-Manaus, como corredor viável às exportações, pode ser um equívoco.

“Então, essa crença de que o corredor Manta-Manaus é altamente viável para encurtar distâncias possibilitando o transporte dos nossos produtos até chegar ao oceano Pacífico, não é muito verdadeiro”, declara Dodó Carvalho.

Tempo menor é o benefício

O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Manaus, Ralph Assayag acredita que um trecho de ligação entre o Amazonas e o Pacífico representaria menor tempo no intercâmbio dos produtos do Polo Industrial de Manaus com outros países. “Pois qualquer logística que diminua o tempo é ganho para todas as etapas dos processos, e esses processos incluem desde valores, vantagens de tempo e o combate mais rápido ao seu concorrente. Então, acredito que seria, realmente, um sucesso, como também poderia ser um polo de saída do Brasil para a China, Japão e outros países”, enfatiza o dirigente.

Mas, Assayag adverte que esse salto logístico demandaria uma mudança estratégica na forma de comercialização da Zona Franca que, conforme ele, teria que se reinventar. “A ZFM ganharia muito, teria que se reinventar para isso, pois seria uma nova situação bastante diferente do que se está acostumado a fazer”, diz, ao lembrar que Roraima já está se movimentando para transportar sua produção de soja a partir das Guianas, e não mais pelo porto de Itacoatiara, no Amazonas.

Bilateral

Na reunião entre os representantes de Equador e Brasil, em Manaus, o prefeito da Província de Sucumbíos, no Equador, Guido Vargas Ocanânia, deixou acertado um novo encontro, de 19 a 23 de fevereiro para representantes do parlamento estadual e órgãos interessados visitarem aquele país, tanto na parte terrestre como fluvial.

Fonte: A Crítica

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