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Escassez de alimentos ameaça países dependentes de importação

A pandemia de COVID-19 ameaça centenas de milhões de pessoas no mundo com a escassez de alimentos, particularmente na África, que depende de suas importações e exportações para pagar por eles, alertou a ONU nesta sexta-feira (03).

“No geral, uma seca pode impactar a oferta e uma recessão pode abalar a demanda, mas agora temos as duas ao mesmo tempo”, explicou Arif Husain, economista chefe do Programa Mundial de Alimentos (PMA), em coletiva de imprensa realizada virtualmente a partir de Roma.

“Ao mesmo tempo e em escala mundial. É o que a torna realmente, realmente inédita”, acrescentou.

Todos os anos, as trocas de arroz, soja, milho e trigo permitem alimentar 2,8 bilhões de pessoas no mundo, 212 milhões delas em situação de insegurança alimentar crônica e 95 milhões em situação de insegurança alimentar grave, segundo o PMA.

Para “muitos países pobres, as consequências econômicas serão mais devastadoras do que a doença em si”, alerta essa agência da ONU em relatório publicado nesta sexta-feira.

A África, e em particular a região subsaariana, que importou mais de 40 milhões de toneladas de cereais em 2018, é o continente mais ameaçado.

Somália e Sudão do Sul são os países mais expostos às perturbações no fornecimento de cereais, enquanto outros como Angola, Nigéria ou Chade, dependem de suas exportações para pagar as importações de alimentos.

Os países exportadores de petróleo, como Irã, Iraque ou Iêmen e Síria, estes dois últimos em guerra, também estão entre os mais ameaçados pela escassez de alimentos.

“Embora os mercados mundiais de cereais de base estejam bem supridos e os preços globalmente baixos, os alimentos devem viajar dos celeiros do mundo até os locais de consumo. As medidas de confinamento estabelecidas para combater a COVID-19 começam a gerar problemas neste sentido”, se preocupa o PMA.

Os portos de exportação registram distúrbios pontuais, devido, por exemplo, a movimentos sociais na Argentina ou no Brasil.

Por seu lado, alguns países europeus enfrentam a falta de mão de obra e de caminhões em um contexto de demanda crescente, destaca o relatório.

No momento, os preços dos alimentos de base (óleos, cereais, carnes, laticínios) tendem a cair, devido às perspectivas de estagnação econômica, segundo o índice mensal de preços dos alimentos, divulgado nesta quinta-feira pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).

Fonte: AFP

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