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DP World avança em logística e novas cargas

Gigante global do setor busca novas receitas para reverter sequência de prejuízos no Porto de Santos. A DP World, operadora de um dos principais terminais do Porto de Santos, iniciou 2021 com novos planos para ampliar suas receitas no país. Além dos estudos para terminais de grãos e fertilizantes em parceria com a Rumo, a companhia prospecta o mercado de gás natural e acaba de lançar uma empresa de logística, para cuidar da operação “porta a porta” de seus clientes.

“Há duas estratégias em curso no Brasil: a diversificação de cargas e a formação de uma cadeia logística internacional”, afirma Fábio Medrano Siccherino, atual diretor comercial da empresa no país, que assumirá o cargo de presidente, a partir de abril.

O grande desafio do grupo é conseguir extrair mais valor do terminal privado em Santos. A DP World, uma gigante global no setor portuário sediada em Dubai, está presente no porto desde 2013. Porém, até hoje, não obteve um só ano de lucro no país. A companhia entrou no terminal em parceria com a Odebrecht, à época como minoritária da Embraport. No fim de 2017, em meio à crise da sócia, assumiu o controle do negócio e mudou o nome para DP World Santos.

Desde então, a empresa, inicialmente focada em contêineres, já iniciou uma diversificação de atividades para ampliar as receitas. Porém, 2020 ainda deverá ser um ano de prejuízo. O principal problema é o alto endividamento, com uma parcela grande em dólar. A dívida passou por uma reestruturação após a saída da Odebrecht do negócio, mas somava R$ 2,3 bilhão ao fim de 2019. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) registrado no ano foi de R$ 45,8 milhões.

Outra estratégia para elevar os resultados é criar serviços para os clientes que transportam contêineres. No fim do ano passado, foi dado um passo importante nesse sentido, com a formação de uma nova empresa de logística internacional, que deverá começar a operar neste trimestre.

“A proposta é pegar a carga em uma fábrica no interior de São Paulo e entregar no armazém lá em Dubai. Fazer a logística de porta a porta. Essa é uma estratégia global. Em um grupo com mais de 80 terminais no mundo, a probabilidade de colocar duas unidades DP World no circuito é muito alta”, afirma o executivo.

No Brasil, a estrutura de frota e armazenagem fora do porto será subcontratada. Eventuais investimentos virão apenas com o crescimento do negócio.

Em relação a novos terminais, seja no porto de Santos ou em outras regiões do país, a postura da DP World é de cautela, diz Siccherino. A principal preocupação é a insegurança jurídica. “Olhamos todas as oportunidades de leilões, mas o risco regulatório no Brasil pesa na hora de analisar. Até agora, não identificamos nenhuma oportunidade viável, considerando esse fator.”

Como exemplo dessas incertezas no país, ele cita o imbróglio em torno da taxa de segregação e entrega de contêineres (a chamada THC2). A cobrança, feita pelos terminais com acesso ao canal, como a DP World, é alvo de judicialização e disputas há décadas.

Ainda assim, o executivo destaca que a companhia nunca deixa de estudar novos terminais, com diferentes vocações. “Um segmento que não nos chama a atenção é o de granéis líquidos, mas outros tipos de carga, como geral, granéis sólidos, estão no radar.”

A diversificação da DP World no Brasil tem se mostrado um movimento acertado, avalia o presidente. A operação de celulose com a Suzano, inaugurada oficialmente em abril de 2020, já representa 17% das receitas do terminal e ajudou a balancear as incertezas do mercado de contêineres durante a pandemia em 2020.

Em novembro do ano passado, a companhia deu mais um passo nesse sentido ao firmar um memorando de entendimentos com a Rumo, braço logístico do grupo Cosan, para a construção de terminais de grãos e fertilizantes em Santos. Em relação ao acordo, Siccherino afirma que o projeto ainda está em avaliação.

Outro projeto em estudo dentro do terminal privado de Santos é uma nova operação voltada a gás natural. Por enquanto, trata-se apenas de um plano. “Desde a desregulamentação [do setor de óleo e gás], muitas empresas de energia vieram ao Brasil. Estamos analisando o projeto em detalhe, mas ainda em fase de avaliação do mercado, que seria novo para a empresa. É preciso ter cautela, porque os investimentos são relevantes. O ideal seria replicar a parceria com a Suzano no segmento de gás”, diz ele.

 

 

 

Fonte: Valor

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