Dólar em alta deve manter preço da farinha de trigo mais caro no Brasil
Insumo básico para produzir pães e massas, a farinha de trigo tem aumentado de preço no mercado interno, reflexo do aumento pontual da demanda após a escalada da pandemia de coronavírus no país.
Com o dólar cotado acima dos R$ 5, contudo, as perspectivas são de preços ainda mais altos nos próximos meses, o que preocupa a indústria, que importa 60% do grão processado nacionalmente.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), Rubens Barbosa, diz que não há risco de faltar trigo no país, mas os efeitos da alta no mercado internacional e do câmbio são preocupantes. “Nunca houve uma situação em que essa vulnerabilidade ficasse tão exposta”, afirma.
Na bolsa de Chicago, o trigo com entrega para maio tem sido cotado acima dos US$ 200 a tonelada nesta primeira quinzena de abril, alta de 19,5% ante o registrado em igual período do ano passado. Soma-se a essa valorização a alta do dólar ante o real e os maiores custos de produção no mercado interno, sobretudo após a seca que atingiu o sul do Brasil neste ano.
Importação inevitável
Para contornar a situação, o setor tem solicitado ao governo medidas excepcionais, como a redução da tarifa externa comum para a importação de trigo de países de fora do Mercosul até o final deste ano e a flexibilização para a autorização de importação do cereal russo, hoje restrita a moinhos com acesso a portos.
“Se houver algum problema, por alguma razão, o mercado internacional vai suprir o Brasil. Não tem o menor problema de abastecimento. O problema é o custo para os moinhos processarem o trigo. Esse custo, se o governo não tomar algumas medidas que propusemos, vai aumentar”, ressalta Barbosa.
A Abitrigo avalia que, para além da cota de 750 mil toneladas aberta pelo Brasil no final do ano passado, seriam necessárias entre 1,2 milhão e 1,5 milhão de toneladas de trigo para suprir a demanda interna no próximo semestre.
Fonte: Globo Rural