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Dólar alto eleva grãos, aumenta custos e pode sobrar para o consumidor

A alta do dólar, que tem se mantido acima dos R$ 5,00 e ultrapassando os R$ 5,20 em alguns momentos, está mantendo elevado o preço internacional da soja, que bateu R$ 86 ao produtor, R$ 16 a mais do em março do ano passado, e já chega a R$ 100 nos portos.

– Estamos próximos do preço recorde dos últimos 10 anos, principalmente devido ao dólar, já que o preço internacional não subiu tanto. A China também voltou a importar com mais força – disse o analista do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola da Epagri Haroldo Tavares Elias.

​O milho também está valorizado, sendo comercializado a R$ 46 ao produtor e mais de R$ 50 para a indústria, mais pela demanda do mercado interno. Segundo o analista do Cepa/Epagri isso ocorre devido a uma exportação recorde no ano passado, de 43 milhões de toneladas, uma redução nos estoque, que estão em oito milhões de toneladas, o que dá menos de dois meses de consumo interno, além de uma previsão de estiagem no Mato Grosso do Sul e Paraguai.

Isso é bom para o produtor de grãos mas encarece a produção para os produtores de suínos, aves e de leite.

De acordo com levantamento da Central de Inteligência de Aves e Suínos da Embrapa de Concórdia, em fevereiro o custo de produção de suínos chegou a R$ 4,32, que é 10% a mais do que em fevereiro do ano passado e o maior valor desde julho de 2016. O custo do frango chegou a R$ 3,07 por quilo, também o maior valor desde 2016.

Para o vice-presidente da Federação da Agricultura do Estado de Santa Catarina, Enori Barbieri, o setor de carnes ainda consegue absorver esse aumento, devido às exportações. Mas no leite isso deve pressionar um aumento no preço ao consumidor.

– Com o dólar a mais de R$ 5,00 fica fácil exportar. Até o leite em pó se torna viável nesse patamar. Acredito que o leite vai ter um aumento para o consumidor até para remunerar a indústria e o produtor, pois os preços vinham baixos. Infelizmente pode acontecer que nem aconteceu com a carne, em que o consumidor pagou a conta – disse Barbieri.

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Os custos altos e o dólar alto também mantém pressão sobre o preço das carnes, evitando que ela volte aos patamares do primeiro semestre do ano passado.

Barbieri acredita que a soja continue valorizada no mercado internacional, pois mesmo com a crise do coronavírus e um empobrecimento da economia mundial, há uma demanda por comida que precisa ser atendida.

Em relação ao milho ele acredita numa queda a partir da colheita da safrinha, principalmente pela queda do preço do petróleo.

– Estamos vivendo um momento de escassez no mercado interno que deve durar até a safrinha. Depois deve normalizar pois, como o barris de petróleo a US$ 20,00, não vale a pena fazer etanol de milho. Com isso deve sobrar milho nos Estados Unidos, provocando baixa no mercado internacional – explicou Barbieri.

Por isso ele recomenda ao produtor de milho que aproveite o bom preço agora.

Fonte: NSC Total

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