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Desestatização dos portos públicos nacionais avança no país

Privatização dos portos de Santos (SP), Vitória (ES), São Sebastião (SP) e Itajaí (SC) são os próximos passos da agenda de desestatização portuária do Governo Federal.

Avanços no desenvolvimento de um transporte sustentável, o expressivo crescimento da cadeia fria no país e tecnologias disruptivas para a dinamização da logística brasileira também foram temas da Intermodal Xperience 2021 nesta quinta-feira (2)

Desestatização dos portos públicos nacionais: um assunto que gera cada vez mais expectativas nos setores logístico, de transporte de cargas e comércio exterior do Brasil. Afinal, mais de 90% das cargas que chegam ou que deixam o país são transportadas por meio dos complexos portuários. Não à toa, o debate sobre o tema foi um dos destaques do segundo dia da Intermodal Xperience 2021, o maior evento digital da América Latina para estes mercados, nesta quinta-feira (2).

Para falar a respeito, o evento virtual – promovido pela Intermodal (a maior plataforma de negócios para estes setores) e pela Associação Brasileira de Logística (ABRALOG) – recebeu o secretário nacional de portos e transportes aquaviários, Diogo Piloni, e o CEO da Santos Port Authority (SPA) – estatal que administra o porto de Santos, Fernando Biral, em um painel para abordar a construção do modelo de desestatização do porto de Santos e os progressos realizados no programa de privatizações portuárias do Governo Federal.

Piloni explicou que os modelos de desestatização buscam endereçar as principais restrições de desenvolvimento do setor portuário, com vantagens que passam pelo ganho em eficiência na gestão e na atração de investimentos privados, em particular, neste momento de restrições no caixa público.

Para Biral, o investimento na infraestrutura portuária do complexo santista é um dos grandes objetivos com a desestatização do porto de Santos. Ele acredita que o complexo portuário será elevado a um novo patamar em um curto espaço de tempo, com os investimentos na qualidade da infraestrutura. “A relação do porto com a cidade de Santos também será beneficiada com a construção do túnel submerso entre Santos e Guarujá (será incluído entre as obrigações do novo operador). A ligação seca entre as cidades é uma demanda antiga da população”.

Com os avanços na agenda de privatização de portos públicos, a segurança jurídica é uma preocupação recorrente entre os atores do setor portuário ao debater a desestatização dos portos organizados no Brasil. Entre as questões que geram atenção estão os reajustes tarifários e outras imposições contratuais. Neste aspecto, o secretário ressaltou que há um “olhar cuidadoso” na redação do modelo de desestatização para garantir a preservação da segurança jurídica dos contratos vigentes. “Estamos aprimorando a redação do modelo no caso da Codesa e traremos essas melhorias para o porto de Santos e os outros que virão na sequência”.

Sobre os próximos passos no cronograma do programa de privatização dos portos públicos, Piloni afirmou que, na lista, estão Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa), Companhia Docas de São Sebastião e o Complexo Portuário do Itajaí. O mais avançado é o da Codesa, que já teve os estudos entregues para a análise do Tribunal de Contas da União (TCU), com a previsão de publicação do edital ainda este ano e o leilão no final do primeiro trimestre de 2022. Os portos de São Sebastião e Itajaí estão em situação parecida, com a expectativa de ir à consulta pública em outubro e com leilões para junho ou julho de 2022.

“De todos, o porto de Santos é o mais complexo. A previsão é que a consulta pública seja aberta até o final deste ano e o leilão fique para o final do segundo semestre de 2022. O BNDES – que está estruturando o modelo de desestatização – está trabalhando com foco e cuidado para cumprir esse cronograma”, disse Piloni.

Avanços no desenvolvimento do transporte sustentável – Outro tema em voga no mercado é a sustentabilidade e as iniciativas das companhias do setor em prol de se garantir uma matriz logística e de transportes mais ecologicamente correta. Entre as empresas que se destacam neste sentido está a Scania, uma das maiores fabricantes globais de veículos pesados.

Quem falou mais sobre o assunto foi o vice-presidente da companhia na América Latina, Adolpho Bastos, que trouxe para a Intermodal Xperience 2021 as principais ações da corporação em busca de um mundo mais sustentável. “Entendemos que cerca de 25% das emissões globais de poluentes na atmosfera são provenientes do setor de transportes. Por isso, um de nossos maiores objetivos, atualmente, é atuar cada vez mais fortemente em direção a um modal mais sustentável”.

Dessa maneira, a companhia tem como uma de suas principais metas e estratégias de negócios reduzir consideravelmente as emissões de gás carbônico no meio ambiente. O primeiro passo é diminuir em até 50%. “Esta é uma meta traçada desde 2015, quando nos propomos alcançá-la em até dez anos, ou seja, até 2025. E estamos muito próximos de atingi-la, acredito que até o final de 2022 já devemos tê-la conquistado. Depois, o próximo passo é zerar totalmente as emissões de poluentes de nossa frota global até 2050. Em paralelo a isso, pretendemos expandir também os investimentos na produção de veículos elétricos da marca”, complementou.

Cadeia Fria – O significativo crescimento da cadeia fria nos últimos anos, inclusive na pandemia, e os desafios da profissionalização do setor – de forma que se garanta mais tecnologias, qualidade e altos níveis de serviço no segmento – também foram destaques do segundo dia de evento digital.

Para o diretor executivo da OAJ Consult Assessoria & Consultoria Empresarial, Ozoni Argenton, a expansão deste mercado foi tão expressiva que surpreendeu até os profissionais e executivos da área. “Esta cadeia vem mostrando todo o grande potencial de crescimento que possui há, no mínimo, cinco anos, se contrapondo até à própria economia nacional. Somente de 2019 para 2020, por exemplo, o segmento acumulou alta de 20,80%, atingindo um total de 12 milhões de metros cúbicos de capacidade instalada ao redor do país. Quando avaliado o desempenho do mercado por regiões, percebemos aumento em todas elas – em especial na região Centro-Oeste, onde o setor cresceu 33%”.

Outro dado positivo para o mercado nacional é que, de acordo com ele, das 25 maiores operadoras logísticas especializadas e armazéns refrigerados do mundo, três são brasileiras. “Atualmente, somando a capacidade instalada dessas companhias listadas no TOP 25 Global (conforme dados da IARW – International Association of Refrigerated Warehouses), contamos com 143 milhões de m³ de armazéns refrigerados mundo afora. Desse total, mais de três milhões pertencem a empresas brasileiras: sendo 1.476 milhão de m³ da Superfrio Logística (15ª no ranking global), 1.378 milhão de m³ da Comfrio Soluções Logísticas (16ª) e 979.001 m³ da Friozem Armazéns Frigoríficos (22ª)”, ressaltou.

Para o diretor de operações da Martin Brower Brasil, empresa especializada no fornecimento de soluções logísticas para o setor alimentício, Fábio Miranda, todo esse bom desempenho traz expectativas também quanto a uma mão de obra qualificada para atuar nesta cadeia. “Neste sentido, o mercado espera um profissional mais informado (com domínio do setor), mais tecnológico (com mais facilidade ao mundo conectado e informatizado em que vivemos), mais culto (com mais conhecimentos gerais) e mais refinado (aquele que sabe se portar e se apresentar, afinal, ele é a imagem da empresa). Além disso, as empresas procuram por colaboradores que estejam abertos a uma nova visão de mercado, com o foco no cliente – os que não estiverem dispostos a isso, fatalmente ficarão para trás. Outro ponto importante é ter a sensibilidade para a percepção de novas oportunidades, além de uma preocupação efetiva com os resultados”, completou.

Tecnologias Disruptivas – Ainda na programação da tarde desta quinta-feira (2), a pauta sobre como as tecnologias disruptivas estão desenhando um novo modelo de negócios entre as empresas que atuam no setor de logística no Brasil também se sobressaiu. No debate, o destaque principal ficou com a tecnologia blockchain que, segundo os painelistas convidados, apresenta um potencial que ainda pode ser mais explorado na rastreabilidade de dados.

O diretor comercial e de marketing da Autotrac – especializada no rastreamento e monitoramento de frotas e veículos – Márcio Toscano, destacou que o desenvolvimento de ferramentas de business intelligence (BI) é uma das tecnologias disruptivas que a empresa está apostando para auxiliar os clientes no processamento e análise dos dados que são adquiridos no campo de operação. “O próximo passo, em que queremos chegar, é a análise preditiva, com um sistema que possa adaptar-se às mudanças dos dados em tempo real para prever riscos de acidentes e atrasos em entregas, por exemplo. Tudo isso, para atender a equação de entregar mais rápido com menor custo”.

Ainda neste sentido de novidades tecnológicas, outra ferramenta desenvolvida pela Autotrac é um site gratuito que permite localizar e contratar, de forma online, caminhoneiros autônomos em qualquer ponto do Brasil. A plataforma traz informações como o modelo do veículo e carroceria, as capacidades do veículo de acordo com o tipo de carga e a localidade. “São mais de 20 mil caminhoneiros cadastrados”, disse Toscano.

Para o Latam Innovation Supply Chain & Integration Executive Director da Natura&Co, Nestor Felpi, a tecnologia disruptiva que está proporcionando melhores impactos no setor da logística é o blockchain. Segundo ele, a tecnologia tem sido utilizada para a rastreabilidade da produção em um projeto na Amazônia, que envolve uma comunidade de colheita de sementes e de transformação dos insumos em óleos. “É uma solução simples, econômica e segura para rastreabilidade da cadeia de produção”.

Na opinião do Supply Chain Director Latin America da Cargill, João Paes de Almeida, o valor agregado ao blockchain é elevado à medida que o setor de logística começa a se abrir para a colaboração que é possibilitada pela tecnologia. “Ainda estamos nos ‘babies steps’, no que diz respeito a todo o potencial oferecido pelo blockchain”, afirmou. Ele diz que em relação à inovação e a tecnologias disruptivas, um dos grandes desafios da Cargill é levar conectividade e digitalização para o campo, na área do agronegócio.

Já o diretor de Supply Chain e Logística do Grupo DIA Supermercados, Ricardo Ruiz Rodrigues, afirmou que a difusão em larga escala do blockchain é um desafio para os próximos anos, uma vez que a tecnologia ainda está muito concentrada apenas em grandes empresas. “Minha percepção é de iniciativas inovadoras com o uso de blockchain, porém, mais esporádicas e não tão generalizadas no setor de logística. É preciso quebrar essa barreira e proporcionar melhor entendimento sobre os reais benefícios da tecnologia pelos stakeholders dentro das organizações”.

Operações Modelos – Fechando a programação de conteúdos exclusivos do segundo dia da Intermodal Xperience 2021, novos cases de sucesso foram exibidos ao público participante. Um deles foi o do Mercado Livre, sobre a utilização da Logística 4.0 para a otimização das operações da empresa com processos 4PL/5PL – com o vice-presidente de operações logísticas e o gerente de data insights da companhia, Leandro Bassoi e André Gonzales.

Além dele, outras duas apresentações tiveram destaque neste sentido: a da Associação Brasileira de Terminais e Recintos Alfandegados (ABTRA), sobre a entrepostagem industrial portuária – com o diretor-executivo da associação, Angelino Caputo; e a da Docusign, empresa especializada em assinatura eletrônica de documentos, sobre como a Patrus Transportes acelerou seus processos com a utilização desta tecnologia – com a Enterprise Sales Executive da Docusign, Juliana Furholz; e o gerente administrativo corporativo, jurídico e Data Protection Officer (DPO) da Patrus, Jésus Ribeiro.

 

 

 

Fonte: Assessoria

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