Jornal Multimodal

Demanda mais fraca deve segurar reajustes no aço

Com a desaceleração no consumo de aço estimada para este ano, os constantes reajustes de preços que ocorreram em 2021, até por volta de julho, não deverão se repetir no mercado brasileiro. Para Carlos Loureiro, presidente executivo do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), não há espaço para o movimento de alta de preços de produtos siderúrgicos porque a oferta está regularizada no país.

“Com o prêmio entre zero e 5% na comparação com o material importado, daria para se pensar em reajuste se a oferta de produtos estivesse baixa. Mas, hoje não há esse problema. O mercado está abastecido”, disse. No ano passado, os reajustes giraram em torno de 70%, conforme Loureiro.

O executivo do Inda disse que a importação de aços planos, que ajudou a abastecer o mercado em 2021, foi maior em novembro e ainda tem muito material no porto que não foi nacionalizado porque chegou caro. “O aumento de preços é um desejo das usinas, mas não é a realidade do mercado. Não vejo espaço para esse movimento pelo menos nos próximos três meses”, ressaltou.

Loureiro ressaltou que a expectativa de alta nas vendas de produtos de aços planos pelos distribuidores neste ano é de 3%. A evolução será puxada, principalmente pelos setores agrícolas e de infraestrutura. O dirigente afirmou que o volume estimado é de 3,67 milhões de toneladas.

Até novembro de 2021, os distribuidores comercializaram 3,32 milhões de toneladas, um volume estável no comparativo com os 11 meses de 2020. Se confirmada o volume previsto para dezembro, o fechamento do ano nas vendas, de acordo com o Inda, deverá ser de 3,56 milhões de toneladas, com uma leve queda de 0,5%.

Daniel Sasson, analista do Itaú BBA, também acredita que em 2022 o mercado brasileiro deve reduzir o ritmo de crescimento e não haverá o movimento de recomposição dos estoques nos clientes como ocorreu no ano passado. Além disso, como a base de comparação do consumo aparente é alta, considerando 2020 e 2021, o mercado interno recuperou boa parte da queda acumulada no volume comercializado desde 2014.

“Outra variante que deve afetar o ritmo do consumo interno de aço é o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) que deve desacelerar neste ano. A perspectiva é de uma oscilação entre uma leve alta e uma leve baixa. 2022 será mais fraco do lado da economia”, disse Sasson.

Até novembro do ano passado, segundo o Instituto Aço Brasil, o consumo aparente chegou a 24,7 milhões de toneladas, uma alta de 27,4%. As vendas internas acumularam aumento de 19,2%, com 21 milhões de toneladas e as importações somaram 4,7 milhões de toneladas, uma evolução de 154,7%.

Uma variável que impulsionou o consumo aparente em 2021 e não deve se repetir neste ano é a importação de aço, que deve chegar a 15% de participação em todo o consumo de produtos siderúrgicos no país. “Esse arrefecimento pode abrir espaço para a produção interna. As siderúrgicas estão mais otimistas com o crescimento de volume. Temos uma visão mais cautelosa”, ressaltou Sasson.

De acordo com estimativas do Aço Brasil, o consumo aparente deve apresentar alta de apenas 1,5% em 2022, atingindo 27 milhões de toneladas. A expectativa da entidade para o consolidado de 2021 é de evolução de 24,3%. O consumo aparente é a soma das importações com as vendas internas de aço. As vendas internas, na visão da entidade, devem aumentar 2,5% na comparação com o ano passado, chegando a 23,3 milhões de toneladas. Já a produção de aço bruto deverá alcançar 36,8 milhões de toneladas, mais 2,2%.

 

 

Fonte: Valor

Artigos relacionados

Verifique também
Fechar
Botão Voltar ao topo