Cresce demanda por armazém temporário de açúcar
O forte ritmo de produção de açúcar no Centro-Sul fez com que algumas usinas percebessem que não tinham estrutura suficiente para armazenar o produto que seria fabricado enquanto ele não conseguisse ser escoado aos portos. Com isso, cresceu a procura por estruturas de armazéns modulares, construídos para dar conta da demanda de forma temporária.
A Tópico, empresa com faturamento de R$ 132 milhões que instala galpões modulares de aço flexível para diversos mercados, sentiu a demanda das usinas para construir armazéns para açúcar crescer duas vezes e meia até maio.
Até o fim do mês, a companhia fechou contratos para construir 52 mil metros quadrados de galpões, ante 20 mil metros quadrados um ano antes. “A demanda já superou a de todo o ano passado”, disse Sérgio Parisi, diretor comercial da Tópico. Dos contratos fechados, metade foi feito com novos clientes.
A Reconlog também notou maior demanda. Após concluir a construção de três galpões para armazenar açúcar no Porto de São Sebastião, que voltou a exportar açúcar após um hiato de 15 anos, a empresa passou a ser contatada para prestar o mesmo serviço para usinas no interior. A empresa já fechou contratos para a construção de armazéns com três usinas, representando uma área construída 40% maior do que um ano atrás, e tem mais um em negociação. “Já atuamos no setor, mas sempre foi de forma pontual”, afirmou Naldo Sales, CEO da Reconlog.
A maior parte das contratações de armazéns temporários costuma ocorrer até junho, quando as usinas estão com uma oferta de açúcar mais definida até o fim da safra. Segundo Parisi, cerca de 60% da demanda por esse tipo de serviço na Tópico é para usinas de São Paulo, seguida pelas de Minas Gerais (30%) e Mato Grosso do Sul (10%).
De acordo com estimativa da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), as usinas têm cacpacidade para armazenar 40% da produção projetada – ou seja, cerca de 14 milhões de toneladas.
A solução do galpão acaba sendo fácil porque, em eventuais mudanças no mix de produção entre açúcar e etanol, como o que ocorreu no início desta safra por causa da pandemia, a estrutura pode ser erguida em até 15 dias, disse diretor da Tópico.
Embora a procura por estruturas temporárias tenha crescido, não há registro de gargalo no escoamento de açúcar. “Todos os terminais estão operando com um ritmo bom, não vejo necessidade de usina precisar formar estoque”, afirmou Eduardo Sia, trader da Sucden. O momento do mercado também está favorecendo o escoamento imediato de açúcar, já que o câmbio está favorável e os contratos do açúcar na bolsa de Nova York com prazo de entrega mais distantes não oferecem prêmio tão atrativo, acrescentou.
A demanda pelo açúcar brasileiro também está elevada, garantindo um escoamento ágil. A fila de navios nos portos brasileiros tem batido recordes e, no último dia 24, havia 77 embarcações à espera para carregar 3,474 milhões de toneladas de açúcar. “O line-up está tão forte que tem absorvido bem a produção”, disse Henrique Akamine, analista da trading Czarnikow. Os traders acreditam que o ritmo de exportação de açúcar deve seguir forte até outubro, quando a produção do Centro-Sul deve se encaminhar para o fim.
Fonte: Valor