Cresce a participação de Uberlândia no mercado externo
Um levantamento feito pelo Sebrae-MG mostrou que em 10 anos Uberlândia ampliou a participação da cidade no mercado externo até o início da segunda metade desta década. O que não mudou nesse período, entretanto, foi o perfil do Município, que ainda exporta mais produtos básicos do que manufaturados e se mantém com grande vocação para o agronegócio. Outro aspecto do perfil uberlandense no mercado exterior é que mesmo tendo mais empresas que importam, a balança comercial local é positiva, com mais ganhos com exportações do que gastos com importações.
Com ampla possibilidade de ampliação, o empresariado espera melhoria do ambiente de negócios brasileiros para expandir a atuação em outros países. De acordo com o relatório Uberlândia no Contexto Internacional, do Sebrae, o número de empresas exportadoras cresceu 104% em 10 anos, saindo de 25 em 2007 e chegando a 51 empresas em 2017. Em igual período, a quantidade de firmas que passaram a fazer qualquer tipo de importação saltou de 62 para 112, o que representou um aumento de 77% nesse tipo de segmento. Apesar de mais importadores do que exportadores, Uberlândia apresenta balança comercial favorável quando se verifica os montantes movimentados.
Em 2017, o Município gerou R$ 418 milhões em exportação. Naquele mesmo ano, de acordo com o levantamento, as importadoras movimentaram R$ 132 milhões. Ou seja, as empresas locais e filiais instaladas em Uberlândia movimentaram mais que o triplo enviando mercadorias para fora do País do que trazendo qualquer produto para o mercado interno. De acordo com o economista e empresário Leonardo Baldez, Uberlândia não tem uma balança comercial deficitária mesmo havendo mais importadores por conta dos objetivos diferentes entre as negociações. Há mais volume e valor no que é exportado em relação ao que é importado no mercado local.
“A gente tem muitas empresas que importam um item de sua produção. Ao mesmo tempo em que empresas que se têm como estratégia inteira focar suas vendas para o mercado internacional”, disse. O crescimento em 10 anos da participação no mercado exterior de Uberlândia reflete um crescimento nacional, segundo avalia o presidente da Associação Comercial e Industrial de Uberlândia (Aciub), Paulo Romes. “Eu diria que é um movimento nacional e internacional. Cada dia mais o mundo terá menos barreiras, exceto por alguns poucos países fechados.
MERCADOS
O principal destino dos produtos fabricados em Uberlândia é a China, que é responsável por 39,5% do volume arrecadado em exportações. Seguem outras localidades como Vietnã, com 12,1% do arrecadado, Holanda, com 7,7%, Alemanha e Índia. Os produtos saídos daqui em maior volume de geração de dinheiro são soja, com 41,1% do volume arrecadado, sólidos da extração óleo de soja, que representam 16,6% do montante, e milho, com 7,4% do arrecadado. Já em relação às importações, o Paraguai é o mercado onde Uberlândia mais compra, com 17% do valor total. Seguem empatados China e Estados Unidos, que geram 16% do montante de importações, Argentina, com 9%, e Alemanha, com 5%.
HÁ 15 ANOS EXPORTANDO
Atuante no ramo de moda praia há 21 anos junto à família, em 2004 Marcos Daniel Oliveira Santos resolveu se aventurar no mercado externo.
Hoje, até 10% do volume de vendas de sua empresa chegam aos mercados da Europa, por meio da Itália, África, passando por Moçambique, e Estados Unidos, para onde envia peças que chegam em cidades como Nova York, Miami e até para o Estado do Havaí. Nos dois primeiros anos, ele disse que o crescimento e a abertura de mercado externo foram positivos e isso deu impulso para que investisse nas exportações, principalmente de biquínis. De lá para cá houve períodos em que suspendeu as importações, mas nunca desistiu das vendas do tipo. “Existe uma sazonalidade em que baixa as vendas no mercado interno no pós-verão. É quando mercados internacionais, no hemisfério norte, passam a comprar para o verão deles, no meio do ano. Em março, passam a fazer estoques para os meses seguintes”, explicou Marcos.
No mercado de Uberlândia, o empresário é minoria, já que ele exporta um tipo de produto manufaturado e, para isso, não importa diretamente nenhuma matéria-prima. Satisfeito com os resultados obtidos até aqui, o que inclui sua venda no varejo com loja própria, Marcos Daniel, contudo, diz que pode haver melhora. “Meu cliente no exterior, para comprar meu produto paga uma diferença de 19% da alíquota para importação do Brasil. Se a Colômbia exporta a US$ 10, ele vai chegar nos Estados Unidos por esse preço. Se comprar de mim, ele chega lá a quase US$ 12. É possível facilitar isso para o empresário brasileiro”.
Fonte: Diário de Uberlândia