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CPFL está em nova fase de expansão e olhará privatizações, incluindo Cemig, diz CEO

Mais de dois anos após a aquisição pela chinesa State Grid e pouco depois de uma oferta de ações que levantou 3,7 bilhões de reais, a elétrica CPFL Energia está em uma nova fase de expansão, na qual avaliará novos projetos e oportunidades que possam surgir em privatizações, como da mineira Cemig, disse à Reuters nesta sexta-feira o presidente da companhia.

A estratégia é olhar ativos em todas as áreas de atuação da empresa —de geração e renováveis e distribuição às linhas de transmissão— e aproveitar também a forte redução do endividamento da companhia em relação ao nível de alavancagem dos últimos anos.

“Quando você olha o porte da CPFL e também o porte de nosso acionista, isso dá um pouco uma perspectiva de grandes ambições para a companhia. Eu diria que, pelo tamanho, a gente não descarta nenhum tipo de ativo potencial”, disse Gustavo Estrella, que assumiu o comando da elétrica em dezembro.

A fala veio após questionamento da Reuters sobre um possível interesse na Cemig, gigante controlada pelo Estado de Minas Gerais. O governador mineiro, Romeu Zema, tem falado em privatizar a empresa, e o presidente da Cemig, Cledorvino Belini, disse nesta sexta-feira que um projeto nesse sentido deve ser enviado ao legislativo local até o final de agosto.

“A localização geográfica é importante, principalmente quando você fala de distribuição, e a Cemig está na mesma região que a CPFL, então é um ativo que a gente teria que olhar e avaliar”, afirmou Estrella, acrescentando que a companhia iria “sem dúvida” avaliar o ativo caso ele seja colocado à venda.

A Cemig tem um valor de mercado de cerca de 22 bilhões de reais, segundo dados do Refinitiv Eikon.

A State Grid, maior elétrica do mundo, pagou 14,2 bilhões de reais pelo controle da CPFL no início de 2017, em transação fechada junto à Camargo Corrêa e fundos que tinham participação na empresa. No final do ano, os orientais pagaram mais 11,3 bilhões de reais por ações dos minoritários, elevando a fatia na companhia.

“Nenhum ativo tira a CPFL de um eventual processo só por tamanho, é muito mais pela característica, pela racionalidade técnica e financeira”, disse Estrella.

Segundo ele, a CPFL tem uma estratégia bem definida de ser uma “consolidadora” no setor de distribuição, onde é uma das maiores do Brasil, com concessões no Estado de São Paulo e no Rio Grande do Sul, aproveitando possíveis aquisições e privatizações.

Na área de transmissão, a companhia estará de olho em leilões de novos projetos pelo governo para crescer, com foco em ativos de menor porte e próximos às suas operações. Um certame agendado para dezembro já está no radar e é alvo de estudos na empresa.

Em geração, a ideia é utilizar como plataforma de crescimento a CPFL Renováveis, braço de geração limpa da CPFL que já opera 2,1 gigawatts em usinas eólicas, de biomassa e solares.

A CPFL ainda vai comprar uma participação em sua controlada CPFL Renováveis hoje detida pela State Grid com recursos levantados no recente re-IPO, aproveitando para integrar mais as companhias.

“A gente agora coloca a CPFL Renováveis como nosso veículo de investimento nesse setor… vislumbramos uma série de oportunidades nesse mercado, seja em consolidação, porque é também um mercado fragmentado, como também no desenvolvimento de novos projetos.”

Em paralelo, a CPFL precisará decidir até o final do ano se manterá a CPFL Renováveis listada em bolsa ou se tirará as ações da companhia do mercado, disse Estrella.

Isso porque a empresa ficará com 99,94% da subsidiária após comprar as ações da State Grid, o que não é permitido pelas regras do Novo Mercado da bolsa B3, que exige entre 15% e 25% dos papéis em circulação.

CONDIÇÕES FAVORÁVEIS
O presidente da CPFL Energia disse que o sucesso do re-IPO da companhia e a baixa alavancagem deixam a empresa em boa situação para perseguir sua estratégia de crescimento.

“Desde a aquisição pela State Grid, a companhia teve uma fase de adaptação/integração. Sem dúvida, nosso processo de re-IPO é o início de uma nova fase”, afirmou o executivo.

A relação entre dívida líquida e Ebitda ajustados da companhia fechou o segundo trimestre em 1,93 vez, contra 2,72 vezes ao final do primeiro trimestre e 3,05 vezes ao final de 2018. O indicador vinha acima das 3 vezes desde pelo menos 2014.

“Tem um efeito da entrada de caixa do IPO… mas mesmo desconsiderando esse caixa mostra uma redução na alavancagem… ainda é uma situação confortável. Com nosso balanço hoje da forma como está posto, temos capacidade de endereçar nosso crescimento”, afirmou Estrella.

Com mais de 100 anos de história, a CPFL é uma das maiores elétricas do Brasil, com participação de 14% no mercado de distribuição e 2,2 gigawatts em capacidade de geração convencional, sem contar 2,1 gigawatts da CPFL Renováveis. A companhia também atua em transmissão, comercialização e serviços.

A controladora da empresa, a State Grid, a maior elétrica do mundo, atende 1,1 bilhão de pessoas na China e ainda tem negócios em países como Filipinas, Portugal, Austrália, Itália e Grécia.

Fonte: Reuters

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