Comércio global terá recorde de US$ 32 trilhões em 2022
Relatório divulgado pela Unctad indica recorde baseado principalmente no desempenho no primeiro semestre do ano. Para 2023, perspectivas não são tão boas.
O comércio mundial deve atingir recorde de US$ 32 trilhões neste ano, segundo projeção divulgada nesta terça-feira (13) pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad, na sigla em inglês). O comércio de bens vai totalizar US$ 25 trilhões em 2022, com aumento de 10% sobre 2021, e o de serviços ficará em US$ 7 trilhões, com alta de 15% no mesmo comparativo.
Os números robustos se devem principalmente ao desempenho no primeiro semestre de 2022, já que no segundo semestre o comércio foi moderado. No quarto trimestre, inclusive, deve haver queda tanto em bens quanto em serviços, indica a Unctad. O organismo informa que a deterioração das condições econômicas e o aumento das incertezas resultaram em uma desaceleração no segundo semestre de 2022.
O relatório indica que o declínio no segundo semestre será apenas nominal, com aumento de volumes, mas queda nos preços de produtos primários, especialmente da energia. Em contraste, os preços de insumos intermediários e bens de consumo comercializados internacionalmente continuaram a aumentar durante o mesmo período, gerando preocupação com a inflação.
A Unctad acredita que a desaceleração do comércio vai se acentuar em 2023. Segundo o organismo, as perspectivas ainda são incertas, mas alguns fatores devem influenciar negativamente. Entre eles estão as previsões de crescimento econômico sendo revisadas para baixo em 2023 devido aos altos preços da energia, o aumento das taxas de juros, a inflação persistente e as repercussões da guerra na Ucrânia.
O organismo prevê para 2023 também que elevadas cotações da energia e de insumos intermediários e bens de consumo vão abrandar a procura por importações. Pesarão ainda no comércio a preocupação dos países com a sustentabilidade das dívidas diante do aumento das taxas de juros. O aperto das condições financeiras deve gerar pressão sobre os governos endividados.
Os players do comércio global, porém, também podem esperar movimentos positivos, como a melhora na logística após ajustes das empresas marítimas à pandemia, com novos navios entrando em serviço e o congestionamento portuário resolvido. A Unctad prevê tendência de queda nas taxas de frete e cargas, acordos comerciais sendo assinados, reformulação das cadeias de suprimentos globais com diversificação de fornecedores, além de transição para uma economia mais verde.
Fonte: ANBA