Comércio exterior ainda está tímido
As fracas encomendas para o Natal, que tradicionalmente começam a impulsionar as importações em agosto, e o tímido desempenho das exportações no segundo trimestre colocam em cheque a recuperação brasileira esperada para o próximo ano. A Maersk Line, líder mundial no transporte de contêineres, aponta uma fraca perspectiva para este ano e, consequentemente, para o ano que vem.
O comércio brasileiro de contêineres com o resto do mundo registrou um crescimento de 16% nas exportações do segundo trimestre e um aumento de 7% nas importações. Entre abril e junho, no Brasil, foram exportados cerca de 382 mil TEUs (unidade equivalente a umcofre de 20 pés), enquanto no mesmo período de 2018, foram movimentados 322 mil TEUs.
Apesar do crescimento, as exportações permaneceram praticamente estagnadas, se analisados os impactos da greve dos caminhoneiros, no ano passado. Naquela época, houve uma forte queda por conta da redução das operações portuárias na segunda quinzena de maio. A recuperação, apesar de lenta, só aconteceu em junho.
É o que explica a diretora de Atendimento ao Cliente da Costa Leste da América do Sul, Elen Albuquerque. “O volume do segundo trimestre de 2018 foi bem menor do que o real. Todas as importações foram impactadas pela greve e as exportações, também”.
A executiva ainda aponta que, neste ano, o consumidor segue reticente. Uma prova disso é a fraca preparação para o Natal, com as importações começando a se intensificar em agosto, o que não aconteceu. Agora, a expectativa é de que isto aconteça ainda neste mês.
“Vemos uma possível retomada para 2020, com a concretização da reforma da Previdência e tributária. Se não se concretizarem o mais rapidamente possível, isso pode impactar no crescimento futuro”, destacou a diretora da Maersk, apontando que a armadora tem melhores perspectivas para 2021.
Cenário internacional
Já o diretor de Produtos Maersk para a Costa Leste da América do Sul, Matias Concha, destaca que as operações brasileiras de contêineres têm sido fortemente impactadas pelo cenário internacional.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê que a economia global cresça 3,2% em 2019, contra as expectativas de 3,9% no início do ano, citando o aumento das tensões comerciais como um dos principais fatores para a desaceleração.
A guerra comercial entre Estados Unidos e China, com suas restrições comerciais e aumento de tarifas estão entre essas questões. Outra questão a ser pontuada é que o resultado das negociações do Brexit representa um risco para o comércio de contêineres no Reino Unido e na Europa.
“Continuamos cautelosos, considerando o cenário geopolítico no exterior e os obstáculos às reformas locais, teremos que esperar até o segundo trimestre de 2020 para obter uma visão mais clara do que está acontecendo com o crescimento do comércio brasileiro sem o efeito da greve de 2018 nos volumes”, diz Concha.
Fonte: A Tribuna