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Com queda nas importações, contas externas registram maior superávit da história

Por conta da queda da atividade econômica, as contas externas brasileiras de abril fecharam em superávit de US$ 3,8 bilhões, o maior da série histórica iniciada em janeiro de 1995. A estatística foi divulgada nesta terça-feira pelo Banco Central (BC).

O resultado foi puxado por um superávit da balança comercial de US$ 6,4 bilhões em abril. Tanto as exportações quanto as importações tiveram resultados menores do que abril do ano passado, mas a compra de bens do exterior teve uma queda mais significativa. O superávit da balança acontece quando o montante exportado é maior do que o importado.

As exportações registraram US$ 18,4 bilhões em abril, um recuo de 4,9% na comparação o mesmo período de 2019. As importações tiveram uma queda ainda maior, de 15,9% para US$ 11,9 bilhões.

O economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, ressalta que o resultado positivo reflete a queda na atividade econômica do pais. Segundo ele, não é interessante para o país ter um saldo comercial positivo só pela queda nas importações.

— A situação demonstra também que algumas áreas importantes do país não estão tendo demanda suficiente para importar materiais que o Brasil não tem aqui, por exemplo, componentes eletrônicos e insumos para produção de medicamentos. Então quando a importação recua é porque tem alguns setores aqui que estão sendo paralisados na economia – disse.

A redução de 59,7% na renda primária em comparação com abril de 2019 também influenciou no resultado das contas. As despesas com lucro e dividendos caíram de US$ 2,3 bilhões em abril do ano passado para R$ 4 milhões este ano, o que ajudou a reduzir o montante enviado para o exterior.

Para Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, é difícil isolar apenas fatores pontuais para explicar a situação econômica atual.

— Evidentemente que a parte de lucros e dividendos e o próprio resultado das empresas é fortemente afetado pela conjuntura que não é só doméstica, é global, você não tem escapatória. No final das contas, você como exportador pensa “bom, o mundo tá fraco, vou voltar para para a demanda doméstica”. Não, é o mundo inteiro, é doméstico e internacional.

O superávit em transações correntes acontece quando o volume de dinheiro que sai do Brasil é menor do que o montante que entra no país. A medida considera exportações e importações, os gastos de brasileiros no exterior e as remessas de lucros, juros e dividendos para fora.

Com queda na atividade econômica as empresas estrangeiras instaladas no Brasil mandam menos recursos para fora. Dessa maneira, a conta de saídas do país fica menor, reduzindo o déficit.

Investimentos e viagens caem
Os investimentos estrangeiros no país também registraram queda significativa em comparação com abril de 2019. No último mês, apenas US$ 234 milhões entraram no país em comparação com US$ 5,1 bilhões no mesmo período do ano passado.

O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, disse que a percepção é que redução nos investimentos se trata de um adiamento e não de um cancelamento de projetos.

— Você tem uma incerteza muito grande sobre o que está acontecendo na economia brasileira e mundial e nesse cenário a gente tem visto uma preferência das empresas de permanecer mais líquidas. Isso significa segurar um pouco os investimentos futuros até que cenário apresente um pouco menos de incerteza.

Os recursos do mercado financeiro também estão saindo do país. No mês de abril foram US$ 7,3 bilhões que saíram, sendo US$ 4,9 bilhões em títulos de dívida e US$ 2,4 bilhões em ações e fundos de investimentos.

No ano, US$ 31,4 bilhões sairam do país em comparação com o ingresso de US$ 10 bilhões observados no mesmo período de 2019.

O resultado na conta de serviços atingiu US$ 1,2 bilhão, um resultado 63,4% inferior ao do mesmo período do ano passado. Esse resultado reflete diretamente as restrições impostas pela pandemia, já que as receitas com viagens caíram 76% e as despesas, 86,4%. Ou seja, o país registrou quedas tanto no gasto do brasileiro no exterior quanto do estrangeiro no Brasil.

 

Fonte: Portos e Navios

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