Com quase R$ 15 milhões em negócios gerados, Exporta Mais Brasil confirma o sucesso da fruticultura brasileira
O que acontece quando reunimos de um lado produtores nacionais de frutas e do outro compradores internacionais interessados em saber sobre o que o Brasil tem de melhor para oferecer nesse setor? A 12ª rodada do Exporta Mais Brasil, programa da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) que tem como objetivo ampliar as exportações brasileiras de diversos setores da economia, mostrou, mais uma vez, que o resultado é sucesso. A rodada aconteceu em Petrolina (PE), uma das cidades que é referência da fruticultura brasileira, e gerou negócios estimados em R$ 14.750 milhões, a partir de 90 reuniões entre 12 produtoras nacionais e seis compradores de seis diferentes países. Os encontros aconteceram nos dias 4 e 5 de dezembro.
Com o apoio da Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), parceira da ApexBrasil no projeto setorial Frutas do Brasil, foram selecionadas 12 produtoras, entre elas cooperativas e indústrias do setor, que vieram de São Paulo (2), Espírito Santo (1), Bahia (1), Ceará (2) e, sobretudo, Pernambuco (6) para Petrolina, para se reunirem com o grupo de seis compradores internacionais, representantes do Chile, Holanda, Espanha, República Tcheca, Estados Unidos e Rússia. Além das rodadas de negócios (onde é possível fechar negócios imediatamente e/ou recolher contatos para vendas e contratos futuros), a agenda contou com visitas técnicas em polos de produção e fazendas da região, entre outras atividades.
“Um encontro como este é muito importante porque possibilita que os importadores possam conhecer in loco a nossa realidade, do processo produtivo das nossas frutas. Além disso, nos possibilita conhecer novos importadores com os quais a gente ainda não trabalhava, aumentando assim nossos contatos comerciais”, destacou Luca Ballalai, diretor de Exportação da Grand Valle, uma das produtoras participantes. O representante da empresa, que já exporta para mais de vinte países do Mercosul, Ásia, Oriente Médio, Europa e América do Norte, comenta que a experiência foi bem diferente das feiras nas quais já participa expondo seus produtos: “Aqui pude aumentar de forma exponencial o networking da empresa, com boas expectativas de iniciar imediatamente algumas operações testes, para começar a vender de fato já no primeiro semestre de 2024”.
“É de extrema relevância proporcionar esse tipo de possibilidade aos fruticultores brasileiros, criando condições para que eles acessem potenciais compradores internacionais aqui mesmo no país, em um ambiente propício à negociação, em que eles podem demonstrar a qualidade de seus produtos”, avalia o representante do Escritório da ApexBrasil na Região Nordeste, Sérgio Ferreira. “Outro ponto positivo é que alguns já exportaram, outros ainda não, então aqui se transforma em um espaço rico para a troca de experiências entre eles, bem como de motivação e de aquisição de um maior entendimento sobre as peculiaridades das negociações desse setor, internacionalizando cada vez mais suas empresas”, completa.
O presidente da Abrafrutas, Guilherme Coelho, ficou entusiasmado em receber a 12ª rodada do Exporta Mais Brasil no Vale do São Francisco, localidade agraciada pelo relevo plano, solo fértil e altas incidência de luz solar ao longo do ano, condições ideais para o cultivo de uva, goiaba, manga e outros itens tropicais. Inclusive, dados recentes da instituição mostram que a região exportou mais de 390 mil toneladas de frutas para o exterior no último ano, contribuindo significativamente para a balança comercial brasileira. “Estamos confiantes de que esse evento contribuirá significativamente para a expansão do comércio exterior e o reconhecimento global da qualidade das nossas frutas”, declara Coelho.
Frutas brasileiras em alta
Em 2023, o Brasil deve conquistar um novo recorde histórico de exportações de frutas, ultrapassando o valor de US$ 1,21 bilhão, registrado em 2021. Em 2022, o valor exportado foi de US$ 955,5 milhões. A projeção vem de pesquisas feitas pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) diante da alta do preço médio em dólar pago pela fruta brasileira. O instituto prevê ainda que, graças ao clima favorável no Nordeste (diferente do restante do país), a região deve seguir fazendo sucesso comercial em 2024, à frente de concorrentes internacionais, sobretudo o Peru, uma vez que não sofreu o efeito negativo causado pelo El Niño.
De acordo com dados da Abrafrutas, em 2022 o Brasil registrou um acréscimo de 18% no volume dos itens comercializados, sendo a Europa o destino de 70% das exportações. Isso representou um aumento de 20% no faturamento, gerando uma receita de quase US$ 1 bilhão. Segundo a Associação, os bons resultados do setor são fruto da comercialização dos produtos de aproximadamente 170 mil produtores rurais, em sua maioria médios e pequenos, que vendem suas frutas no mercado doméstico e, eventualmente, no internacional.
Dados levantados pela ApexBrasil em 2022 mostram que o Brasil possui atualmente 30 polos de fruticultura, que se estendem do Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte e Amazonas. Essa vasta produção gera mais de cinco milhões de empregos diretos, que representam 16% da força de trabalho agrícola no país. De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o país já é o terceiro maior produtor mundial de frutas, com cerca de 45 milhões de toneladas ao ano. No entanto, a maior parte desta produção é consumida aqui dentro, e somente 2,5% é exportada. Porém, esse cenário tem grandes chances de mudar a curto e médio prazo, principalmente graças à disponibilização de tecnologias que possibilitam ao Brasil produzir uvas até mesmo no Semiárido e colher duas safras de mangas, por exemplo.