Com alta de preço, consumo de gasolina cede espaço para álcool
Num ano impactado pela greve dos caminhoneiros, o consumo de combustíveis se manteve praticamente estável em 2018. Segundo a Agência Nacional de Petróleo (ANP), foram vendidos 136,1 bilhões de litros no ano passado, o que representa uma alta de 0,03% frente ao ano anterior, com destaque positivo para o etanol e diesel.
Em 2017, quando a economia brasileira começava a sair da recessão, houve um aumento de 0,44% no consumo. O mercado de combustíveis, na ocasião, interrompeu dois anos seguidos de retração.
Historicamente atreladas ao desempenho da economia, sobretudo do agronegócio e da indústria, as vendas de diesel subiram pelo segundo ano consecutivo. Em 2018, houve um aumento de 1,6%, para 55,6 bilhões de litros, mesmo diante dos impactos da paralisação dos caminhoneiros, em maio. Em 2017, o aumento havia sido de 0,9%.
Já as vendas de gasolina comum recuaram 13,1%, para 38,3 bilhões de litros, depois de dois anos seguidos de crescimento. Essa retração é atribuída, em parte, à perda de competitividade do derivado para o etanol hidratado, diante do aumento do dólar e dos preços do barril de petróleo no mercado internacional – que afetam diretamente os preços da gasolina, praticados pela Petrobras.
A participação da gasolina no mercado recuou para 28,1% no ano passado, ante 32,4% em 2017. O etanol, por sua vez, avançou de 10%, em 2017, para 14,2%, no ano seguinte – a maior fatia do combustível desde 2009.
As vendas do biocombustível, por sua vez, subiram 42,1%, para 19,4 bilhões de litros. Esse aumento, contudo, não foi suficiente para sustentar o crescimento do mercado do Ciclo Otto (veículos leves cujos motores operam com etanol e/ou gasolina) como um todo. Esse segmento é tradicionalmente vinculado ao consumo das famílias e, em 2018, caiu 3%, em gasolina equivalente – medida que considera a equivalência energética do etanol frente a gasolina.
Outro produto tradicionalmente vinculado ao consumo das famílias que também teve um 2018 fraco foi o gás liquefeito de petróleo. As vendas do derivado fecharam o ano passado com queda de 1%, para 13,2 bilhões de litros. O mercado de GLP é associado, sobretudo, ao segmento residencial, embora também seja vendido para comércio e indústrias.
Outra queda relevante foi registrada no mercado de óleo combustível. Tradicionalmente vinculado ao comportamento do despacho das termelétricas, o derivado fechou 2018 com retração de 31,6%, depois de ter crescido 1,5% em 2017.
Já entre os destaques positivos, as vendas de querosene de aviação (QAV) cresceram 6,7%. A expansão acompanha o reaquecimento do mercado doméstico de aviação, que no ano passado aumentou em 3,3%, de acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Fonte: Boletim Siamig