Cladtek vai expandir capacidade produtiva no Brasil e contratar mão de obra para atender demanda do setor de óleo e gás
A multinacional Cladtek já está no Brasil há mais de 12 anos fornecendo revestimentos resistentes à corrosão (Weld Overlay) e tubos revestidos mecanicamente (MLP). Nessa trajetória, a companhia já coleciona um bom histórico de contratos conquistados dentro do setor de óleo e gás e vislumbra muitos novos negócios para os próximos anos. Em entrevista ao Petronotícias, o vice-presidente para Américas da Cladtek, Eduardo Menezes, afirma que a fábrica da empresa em Santa Cruz, no Rio de Janeiro, já conta com cerca de 1.000 colaboradores e a tendência é que esse número seja expandido até 2025.
“Durante o ano de 2023, já conseguimos aumentar nosso efetivo de trabalho em quase 20%, em resposta ao mercado aquecido”, declarou. “Temos a pretensão de contratar mais mão de obra ao longo dos próximos dois anos, principalmente se os projetos da Petrobrás mantiverem seus cronogramas”, acrescentou. Além disso, a Cladtek também deve ampliar sua capacidade produtiva no país para atender a demanda do segmento de óleo e gás nos próximos anos. “Estamos investindo em automação em diversos outros pontos da fábrica, visando eliminar gargalos e alcançar uma produção estável de 200 km de MLP por ano. Esses investimentos já estão em andamento e, a partir de março de 2024, esperamos atingir esse nível de produção”, detalhou. Por fim, Menezes cita ainda que a Cladtek está em fase final de entrega em contratos para os projetos Búzios 5 e Marlim. Para o ano que vem, a empresa também fará o fornecimento de produtos para campos da TotalEnergies e da Petrobrás.
Poderia começar apresentando um panorama geral sobre a atuação da empresa no setor de óleo e gás? Quais são as principais soluções de revestimento ofertadas para o segmento?
A Cladtek está presente no Brasil desde 2011. Atualmente, operamos uma fábrica própria localizada no distrito industrial de Santa Cruz, no Rio de Janeiro, com uma área de mais de 140 mil metros quadrados. Hoje, contamos com uma equipe composta por mais de 800 funcionários próprios e 150 terceirizados, totalizando cerca de 1.000 colaboradores dentro da fábrica. A empresa passou a ofertar os tubos revestidos mecanicamente (MLP) no Brasil em 2019. A partir desse momento, concentramos nossos esforços nesse produto, que desempenha um papel importante nos projetos de óleo e gás. Além disso, temos outro produto que complementa os projetos de MLP, chamado de Weld Overlay. Ambos são revestimentos anticorrosivos aplicados internamente em tubulações e acessórios.
Quais são os principais projetos/contratos a empresa está concluindo neste momento?
A Cladtek atualmente experimenta uma fase de crescimento significativo. Recentemente, concluímos com sucesso alguns contratos importantes. Em relação às entregas envolvendo MLP, finalizamos os projetos Búzios 5 e Marlim no mês de junho.
Neste momento, estamos em fase final de entrega para os campos de Sépia e Mero 1. O projeto Mero 1 está prestes a ser finalizado, com menos de 1% de trabalho restante, e deve ser concluído em outubro. Quanto ao projeto Sépia, faltam aproximadamente 10% das tubulações para sua conclusão, que deve acontecer em novembro.
Além desses projetos, a Cladtek também deve iniciar a entrega de produtos para outros campos?
Temos um projeto novo de grande importância para a Cladtek, que envolve a entrega de produtos para o campo de Lapa. Essa será a primeira vez que vamos colaborar com a TotalEnergies, que é a operadora do campo. Será também o nosso primeiro projeto de MLP que não tem como cliente a Petrobrás. Atualmente, estamos na fase de qualificação do projeto, e a produção está programada para começar em novembro. A conclusão da produção deve ocorrer no início de janeiro.
Olhando para o próximo ano, a nossa fábrica no Brasil estará totalmente ocupada. Teremos um projeto substancial de MLP com a Petrobrás para 2024. Infelizmente, não posso ainda mencionar mais detalhes, porque estamos em fase final de assinatura do contrato. Além disso, no que diz respeito ao Weld Overlay, temos diversos projetos planejados para preencher nossa carteira no próximo ano.
Estamos também atentos a um projeto de grande relevância, o HISEP. Temos acompanhado as notícias que indicam que a TechnipFMC está em fase final de negociações com a Petrobrás para assinar este contrato. Para nós, esse empreendimento pode representar um volume substancial de trabalho em Weld Overlay e temos uma parceria sólida com a TechnipFMC nesse segmento.
Qual tem sido a importância do mercado brasileiro para a Cladtek?
A importância do mercado brasileiro para a Cladtek tem sido notável. Inicialmente, durante o período de 2011 até 2019, a Cladtek Brasil representava apenas 5% do grupo. No entanto, a situação evoluiu significativamente ao longo do tempo. Hoje, aproximadamente 40% da receita da empresa provém da operação no Brasil. Portanto, o mercado brasileiro se tornou extremamente estratégico para a companhia. Essa importância tende a crescer ainda mais, dada a tendência de “desglobalização” que o mundo está experimentando devido aos acontecimentos geopolíticos. Cada vez mais, os mercados regionais vão ficando importantes.
Vale ressaltar que a Petrobrás é um dos maiores usuários mundiais do principal produto da Cladtek, o MLP. A nossa fábrica no Brasil foi criada justamente com o propósito de atender a essa demanda de um cliente tão relevante. Essa estratégia de estar próxima dos principais clientes é uma abordagem muito válida para a nossa companhia.
Quais são as novidades que a empresa pretende apresentar ao mercado em breve?
A demanda pelo uso do MLP tem crescido não apenas no Brasil, mas em todo o mundo. Atualmente, a principal liga de níquel utilizada pela Petrobrás é o Inconel 625, que é bastante cara. Apenas três ou quatro fornecedores globais são capazes de produzir as bobinas dessa liga necessárias para a fabricação do MLP. No entanto, observamos que, para algumas aplicações da Petrobrás, existem ligas alternativas no mercado que podem oferecer um melhor custo-benefício e que contam com um maior número de fornecedores. Nesse contexto, a Cladtek está atualmente engajada na execução de testes de viabilidade técnica de duas novas ligas: Alloy 642 e Molibdênio 6. Estamos avaliando a viabilidade do uso dessas ligas junto à Petrobrás.
Nos projetos Sergipe Águas Profundas 1 e 2, operados pela Petrobrás, existem oportunidades para o uso de ligas alternativas, uma vez que o óleo encontrado nessas áreas parece ser menos agressivo. A adoção dessas novas ligas tem o potencial de reduzir o custo do produto, tornando-o mais competitivo e mantendo os níveis necessários de segurança para suas aplicações.
Além do estudo de ligas alternativas para MLP, existem outras novidades a caminho?
Temos também uma outra novidade de grande importância para o mercado. Hoje, existem apenas sete ou oito embarcações em todo o mundo que são adequadas para a instalação de MLP. A Petrobrás tem enfrentado desafios devido à escassez desses navios, o que pode afetar seus planos futuros. Nesse contexto, a Cladtek desenvolveu um conector mecânico com foco em MLP. Estamos buscando engajar um estudo sobre esse conector aqui no Brasil, e a Petrobrás seria um parceiro fundamental nesse engajamento. A ideia por trás dessa solução é que ela abriria oportunidades para a instalação de MLP em mais de 50 embarcações diferentes. Isso proporcionaria uma flexibilidade significativa, o que beneficiaria o desenvolvimento de novos campos da Petrobrás.
Por fim, quais são os planos da Cladtek para expandir ainda mais sua atuação no Brasil?
A estratégia da Cladtek para expandir ainda mais sua atuação no Brasil está alinhada com as demandas do mercado e com um forte compromisso com o crescimento sustentável. Durante o ano de 2023, já conseguimos aumentar nosso efetivo de trabalho em quase 20%, em resposta ao mercado aquecido.
Em paralelo, nossa empresa realizou a implementação de tecnologias autônomas de inspeção em nossa fábrica no Brasil. Também estamos investindo em automação em diversos outros pontos da fábrica, visando eliminar gargalos e alcançar uma produção estável de 200 km de MLP por ano. Esses investimentos já estão em andamento e, a partir de março de 2024, esperamos atingir esse nível de produção. Por conta desse plano de expansão, temos a pretensão de contratar mais mão de obra ao longo dos próximos dois anos, principalmente se os projetos da Petrobrás mantiverem seus cronogramas.
A estratégia de globalização e padronização liderada pelo novo CEO da Cladtek, Lee Wilson, tem sido fundamental para a empresa. Esse enfoque tem possibilitado a integração e padronização das operações nas quatro fábricas da empresa espalhadas pelo mundo, resultando em uma maior eficiência e produtividade. Essa padronização não apenas aprimora a produtividade, mas também garante a qualidade dos produtos, permitindo que a Cladtek produza mais com menos.
Fonte: Petro Notícias