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Chuvas fortes em março aliviam preocupações de elétricas com reservatórios e preços

As chuvas de março que fecham o verão brasileiro ajudaram a aliviar preocupações com o nível dos reservatórios das hidrelétricas, principal fonte de geração do Brasil, após precipitações desfavoráveis entre dezembro e fevereiro, disse à Reuters o chefe de uma grande comercializadora de energia.

As chuvas próximas da média histórica neste mês também ajudam a reduzir riscos para o setor de comercialização de eletricidade, que tem enfrentado uma crise de confiança após algumas empresas que apostaram em preços baixos no primeiro trimestre terem sido surpreendidas por uma disparada das cotações entre janeiro e fevereiro.

“O período de chuvas começou bem ruim e as ‘águas de março’ não estão ajudando só os reservatórios, mas também algumas empresas que estariam aí em uma situação bastante complicada se não fosse o alívio no preço. Veio para salvar todo mundo”, disse à Reuters o presidente da Comerc Energia, Cristopher Vlavianos.

Os preços spot da eletricidade, ou Preço de Liquidação das Diferenças (PLD), saíram de cerca de 59 reais por megawatt-hora no início de dezembro para 88 reais ao final daquele mês e 344 reais em meados de janeiro. Em fevereiro, as cotações bateram o teto permitido pela legislação, de 513 reais.

Na época, alguns especialistas apontavam temores de que os preços pudessem seguir no teto, mas as melhores precipitações em março levaram as cotações a recuar, tocando 334 reais na primeira semana do mês e 233 reais para a próxima semana.

Dados levantados pela Comerc apontam para uma alta das chuvas na região das hidrelétricas principalmente a partir de meados de fevereiro, com aumento acentuado em março, após precipitações ruins em dezembro e janeiro.

“A perspectiva é de fechamento do período chuvoso parecido com o que tivemos ano passado, talvez um pouco melhor, dado que as precipitações atuais ainda estão em valores elevados”, acrescentou Vlavianos.

Essa nova mudança nas expectativas, segundo ele, possibilitará que algumas comercializadoras que venderam energia a descoberto possam fechar suas posições a custos menores que o esperado antes, quando temia-se um período de chuvas praticamente “perdido” para as hidrelétricas.

“Essa recuperação no final (do período úmido) deu uma ajuda… o pior momento foi fevereiro. A partir de março passou o pior, e com isso dá para o futuro ser administrado. A gente espera que agora os agentes se ajustem, se cubram, e não causem problema na liquidação (das operações)”, disse o presidente da Comerc.

A liquidação das operações do mercado de energia de fevereiro será realizada no início de abril pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).

A tensão no mercado de energia ganhou força após a comercializadora Vega Energy admitir em fevereiro que teria dificuldades para honrar uma exposição financeira negativa para 2019 avaliada na época em cerca de 200 milhões de reais.

A situação obrigou empresas que haviam comprado energia da Vega a buscar novos fornecedores no mercado em um momento de preços altos, e comercializadoras como Linkx Energia e FDR Energia acabaram precisando renegociar acordos com clientes, enquanto outras afetadas, como a Boven, chegaram a buscar saídas legais para encerrar contratos e reduzir prejuízos.

Segundo dados da CCEE, as chuvas de março ajudaram os reservatórios do sistema elétrico a saltarem quase oito pontos percentuais no mês, para 41,7 por cento da capacidade, contra avanço de apenas 3 por cento em fevereiro e recuo de 1 por cento em janeiro.

Fonte: Reuters

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