Ceará pode exportar mais aço para a Europa após barreira tarifária
A União Europeia aprovou uma medida que estende as barreiras tarifarias de proteção à importação de aço, o que deve trazer um prejuízo considerável à indústria brasileira. Contudo, a decisão não deverá impactar o mercado no Ceará no curto prazo, pelo menos negativamente.
Segundo o presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do Estado do Ceará (Simec), Sampaio Filho, há ainda a chance de que as exportações de aço do Estado para a Europa acabem crescendo nos próximos dois anos, período do embargo.
A perspectiva do dirigente se baseia no fato de que os principais produtos brasileiros que sofrerão restrição pelo mercado europeu não são os produtos exportados pelo Ceará. “Felizmente, nossos produtos não estão na lista de restrição. E considerando que outros competidores do aço cearense, como China, Turquia e Índia, sofreram um número ainda maior de restrições, existe a possibilidade de que o Ceará seja beneficiado”, ponderou o presidente do Simec.
Ele ainda comentou que algo semelhante aconteceu quando os Estados Unidos impuseram um embargo aos produtos de aço importados da China. Após a aplicação de uma barreira tarifária, defendida pelo presidente Donald Trump, as exportações do Ceará para os EUA cresceram 259%. O dado leva em consideração os anos de 2017 e 2018.
Sampaio Filho ainda destacou a importância do mercado europeu para a exportação dos produtos de aço do Ceará. De acordo com o Observatório da Indústria, da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), 19,7% (R$ 274 milhões) de todo o aço exportado pelo Estado (R$ 1,31 bilhão) é comprado por 10 países da União Europeia. Os principais compradores são Alemanha, Reino Unido e Polônia.
Contrapeso
Contudo, apesar de apresentar possíveis aumentos da exportação de aço do Ceará para a Europa, Sampaio Filho ressaltou que a extensão da barreira tarifária pode trazer problemas no longo prazo. Segundo ele, caso a Europa decida manter a elevação das tarifas, há riscos de a atração de projetos de siderurgia para o Ceará ficar bem mais complicada. A definição atrapalharia o desenvolvimento do mercado local.
“A continuidade dessa medida no longo prazo pode afetar a atração de projetos de siderurgia que transformariam o aço semiacabado em chapas grossas, um dos produtos afetados por essas medidas”, explicou Sampaio Filho.
Classificação
A medida de extensão da barreira tarifária pela União Europeia fixa cotas para 28 categorias de artigos, como laminados, tubos e materiais para rodovias. O Brasil está sujeito a sete delas – em três (laminados a frio, folhas metálicas e perfis), há tetos específicos, enquanto nas outras quatro ele disputará uma fatia do montante definido sob a rubrica “outros países”.
A título de comparação, as importações turcas foram limitadas em 17 categorias, as chinesas, em 16, e as indianas, em 15. Em todos os casos, se os índices apontados forem ultrapassados, será cobrada uma sobretaxa de 25%.
Em notificação encaminhada à OMC (Organização Mundial do Comércio) no começo deste mês, a Comissão Europeia comunicara sua disposição em prolongar as barreiras à entrada de produtos estrangeiros ao menos até junho de 2021. Segundo tabela preparada pelos europeus, os tetos de importação serão elevados em 5% a cada ano.
Por não ter produtos listados para aumento de tarifas pela União Europeia, presidente do Simec acredita que exportações de aço do Ceará para a Europa poderiam aumentar nos próximos dois anos
Fonte: Diário do Nordeste