Brasil pode ser líder na exportação do combustível do futuro
Aposta mundial para uma economia de baixo carbono, o hidrogênio verde é apontado pela Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) como uma das fontes de energia com maior potencial de inovação. O uso do combustível do futuro é parte da estratégia energética de ao menos 33 países, de acordo com o Conselho Global de Energia Eólica (GWEC, na sigla em inglês). Com o objetivo de tornar esse mercado viável, empresas estrangeiras têm intensificado parcerias no Brasil, de olho no alto potencial nacional dos setores eólico e solar.
O hidrogênio é um combustível obtido por meio da eletrólise, processo químico em que uma corrente elétrica separa o hidrogênio do oxigênio que existe na água. O gás é chamado hidrogênio verde quando a eletricidade vem de fontes renováveis. Um dos pontos fortes do Brasil é justamente a matriz renovável, de modo que o país pode se tornar exportador do combustível em alguns anos. Para isso, é preciso superar desafios tecnológicos e regulatórios.
Uma das grandes vantagens do hidrogênio é ser considerado um vetor de energia, ou seja, ele permite o armazenamento de energia para ser usada em outros setores, o que favorece a integração. Nos transportes leves, o hidrogênio é uma opção sustentável para o processo de eletrificação de veículos. Ao ser queimado, ele não produz dióxido de carbono, um dos gases responsáveis por intensificar o aquecimento global. O hidrogênio também é uma alternativa para setores de difícil abatimento de emissões de carbono.
Estudo do Hydrogen Council publicado em fevereiro mostra que até 2050, 18% da demanda de energia global será de hidrogênio. Nesse patamar, haveria uma redução das emissões anuais de CO2 em cerca de 6 Gt em comparação com as tecnologias atuais, segundo o documento elaborado pela iniciativa lançada no Fórum Econômico Mundial.
Já de acordo com relatório do Energy Transitions Commission (ETC), think tank especializado em crescimento econômico e mitigação das mudanças climáticas, em um cenário em que o hidrogênio represente de 15% a 20% de toda demanda energética global – o equivalente a um crescimento de 5 a 7 vezes da demanda atual – os investimentos necessários até 2030 seriam da ordem de US$ 800 bilhões por ano, considerando desde as fontes de energia até os eletrolisadores.