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Brasil exporta mais óleo de soja com seca na Argentina e queda no biodiesel, diz Cattalini

A Cattalini Terminais Marítimos, que movimenta quase 70% das exportações de óleo de soja do Brasil por meio de suas instalações no porto de Paranaguá (PR), prevê aumentar em mais de 25% os embarques do produto este ano, após a seca no rio Paraná afetar a capacidade da Argentina. O impacto negativo da Covid-19 na demanda brasileira de diesel também reduziu a necessidade de biodiesel, aumentando o excedente exportável de óleo de soja, principal matéria-prima do biocombustível misturado em 12% no produto fóssil do Brasil, disse o gerente comercial sênior da Cattalini, Lucas Cezar Guzen, em entrevista à Reuters.

Por meio das instalações da Cattalini, as principais tradings multinacionais e cooperativas brasileiras de produtores deverão exportar 850 mil toneladas de óleo de soja em 2020, versus 672 mil em 2019, previu o gerente comercial.

“Vai exportar mais que o ano passado, hoje a Cattalini já tem performado 630 mil toneladas de janeiro a junho. E tenho uma projeção para o mês de julho de 70 mil toneladas (de óleo de soja)”, completou ele.

Uma vez que a empresa exporta a maior parte do óleo de soja do Brasil, ele estima que o país feche 2020 com exportações de 1,25 milhão de toneladas de óleo de soja, cerca de 20% acima de 2019. A Abiove, em sua última estimativa para o ano atual, elevou em 200 mil toneladas o volume a ser embarcado pelo país, para 1 milhão de toneladas.

Entre os principais destinos do óleo de soja do Brasil estão Índia e China.

Guzen explicou que, com a redução histórica do nível do rio Paraná este ano, os navios que partem da Argentina, maior exportador global de óleo e farelo de soja, têm de zarpar com menor volume carregado, para não encalhar. E muitas vezes completam o carregamento no Brasil.

“Por conta da redução do calado do rio Paraná, os navios passaram a fazer ‘top off’ de 6 mil toneladas de óleo no Brasil, isso trouxe uma demanda extra (para o país)…”, disse ele, em referência ao volume complementar que muitas embarcações têm carregado no Brasil, completando a carga que não pôde ser finalizada na região portuária argentina de Rosário.

A diferença do que não pôde ser carregado na Argentina passou a ser absorvida pelo Brasil, frisou.

O executivo da Cattalini citou ainda uma menor demanda por biodiesel no país, que liberou mais óleo de soja para exportação.

“Além disso, tem a lei da oferta e demanda, como o mercado interno brasileiro, grande consumidor de óleo de soja, retraiu, com o consumo de biodiesel retraindo, o preço do produto brasileiro em dado momento se torno mais positivo, isso motivou o forte volume de exportação que tivemos nos últimos meses”, ressaltou.

Além do óleo de soja, os grãos do Brasil também foram beneficiados pelo baixo nível do rio Paraná, o que levou alguns compradores a trocarem as origens das aquisições este ano, disse um comerciante brasileiro à Reuters, ao final de maio.

OUTROS PRODUTOS

A Cattalini possui a maior capacidade privada para granéis líquidos da América Latina em um só local, no porto de Paranaguá, para movimentar também derivados de petróleo e metanol, disse o gerente.

Com quase 40 anos de existência, a companhia inaugurou em maio capacidade adicional de 93 mil m³ para armazenagem de granéis líquidos, elevando o total para 610 mil m³ (133 tanques), o que deve ajudar a companhia a aumentar os volumes movimentados no terminal paranaense em mais de 15% este ano, considerando todos os produtos.

Esse resultado será obtido muito mais pelo crescimento na exportação de óleo de soja e importações de metanol, uma vez que os descarregamentos de derivados de petróleo, primordialmente diesel, tendem a ficar praticamente estáveis em cerca de 2 milhões de toneladas, disse o executivo.

“Não vejo grande recuperação do mercado, mas também não vejo o mercado degringolando, vai ser um mercado ‘flat’ (estável), comentou ele, ressaltando que a capacidade adicional de armazenagem foi oportuna para que a Petrobras pudesse manter a produção de GLP (gás de cozinha) nos piores momentos de queda de demanda de combustíveis.

“A refinaria não consegue produzir apenas um produto, ela continuou produzindo a gasolina, chegou um ponto que ela não tinha onde estocar, buscou regiões alternativas e utilizou alguns terminais da costa brasileira”, revelou.

Com relação ao metanol, a expectativa é de que a importação pelo terminal da Cattalini supere 1 milhão de toneladas em 2020 –a empresa responde por 75% de todo o produto importado pelo Brasil.

 

 

Fonte: Reuters

 

 

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