BP vê nova política de biocombustível do Brasil impulsionando investimentos
A nova política brasileira para impulsionar o uso de biocombustíveis, RenovaBio, melhorou o panorama para a produção de etanol e deve atrair novos investimentos em fábricas, disse o chefe-executivo da BP para biocombustíveis, Mario Lindenhayn.
O governo continua progredindo com as legislações complementares para o RenovaBio, que deve entrar em vigor em 2020, disse Lindenhayn, acrescentando que ele não vê sinais de que o futuro governo do presidente eleito, Jair Bolsonaro, imporia obstáculos.
“Nós estamos muito positivos. Essa é uma sinalização importante que o país está proporcionando, criando, um ambiente regulatório estável que permitirá que as empresas invistam”, disse Lindenhayn à Reuters após uma apresentação sobre o setor de energia na sede paulista da empresa.
O RenovaBio determinará que as distribuidoras de combustíveis aumentem paulatinamente o volume vendido de biocombustível ano após ano. O programa tem como meta dobrar o uso de etanol até 2030, ante 26 bilhões de litros por ano atualmente. Também visa aumentar a comercialização de outros biocombustíveis, como o biodiesel.
A BP tem três plantas de etanol e açúcar no Brasil, processando 10 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por ano. No ano passado, criou uma joint venture com a Copersucar, líder global de vendas de etanol, para operar um dos maiores terminais de combustíveis do país em Paulínia, no interior de São Paulo.
Lindenhayn disse que o RenovaBio dá uma oportunidade às usinas no Brasil, que estão passando uma estagnação causada pelos anos de preços baixos do açúcar e pelo longo período de subsídio dos preços da gasolina, a voltarem a crescer.
“Se o programa avançar como o esperado, será uma grande oportunidade. Não há projetos greenfield (novas usinas) atualmente, e o país é um importador líquido de combustíveis”, ele disse.
Questionado se a BP estaria interessada em aumentar a sua capacidade de produção de etanol via aquisições, já que há diversos ativos sendo ofertados no Brasil por companhias em dificuldade financeira, Lindenhayn disse: “Vamos ver, vamos avaliar.”
Nesta quarta-feira, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) publicou no Diário Oficial outra parte da legislação complementar do RenovaBio, com regras para empresas de biocombustíveis conseguirem certificação.
Com isso, as plantas poderão emitir e comercializar créditos de redução de emissão de carbono, chamados CBios, que distribuidoras de combustível podem comprar para ajudá-las a atingir as metas. Seria o primeiro mercado de redução de emissões do Brasil, apesar de limitado ao setor de combustíveis.
Fonte: Reuters