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Bolsonaro pode precisar de meses para substituir a gestão da Petrobras

O presidente, Jair Bolsonaro, fervendo com os preços dos combustíveis à medida que sua posição nas pesquisas cai antes da eleição presidencial de outubro, intensificou seus pedidos para sacudir o conselho e a administração da estatal petrolífera Petrobras.

Mas levará pelo menos 45 a 60 dias para concluir as etapas processuais e burocráticas necessárias para instalar uma nova diretoria e gestão, segundo quatro pessoas próximas à atual diretoria. Isso o deixaria apenas dois meses antes da eleição para pressionar a empresa a dissociar os preços dos combustíveis das oscilações do mercado internacional.

O direitista Bolsonaro depôs vários CEOs da Petrobras por não controlar o aumento dos preços dos combustíveis, mas suas escolhas escolhidas a dedo acabaram apoiando uma abordagem de livre mercado e se opondo aos controles de preços dos combustíveis, dizendo que eles não funcionaram no passado. As últimas pesquisas mostram Bolsonaro agora com dois dígitos em sua campanha de reeleição.

Na semana passada, Bolsonaro anunciou que estava trocando o atual presidente-executivo da Petrobras, José Mauro Coelho, após menos de 40 dias no cargo. Na quinta-feira, o presidente disse que qualquer executivo sênior da empresa por mais de seis meses também pode ter que sair.

As fontes, que pediram anonimato para discutir assuntos políticos e pessoais sensíveis, disseram que um grande obstáculo para a mudança de gestão é um decreto de abril que o próprio Bolsonaro assinou. Exige que os novos membros do conselho, incluindo sua última escolha de CEO, tenham suas credenciais avaliadas por um comitê de compliance e governança da Petrobras.

Somente após essa avaliação a Petrobras poderá agendar uma assembleia geral extraordinária na qual os conselheiros serão substituídos, disseram as fontes. A lei brasileira de valores mobiliários exige que um aviso para tal assembleia seja enviado aos acionistas com pelo menos 30 dias de antecedência.

Questionada sobre o cronograma, a Petrobras delineou as etapas processuais necessárias para substituir o atual CEO, que incluem um voto de acionistas em oito das 11 cadeiras do conselho da Petrobras.

A assessoria de imprensa de Bolsonaro e o Ministério de Minas e Energia não responderam aos pedidos de comentários.

A atual administração da Petróleo Brasileiro SA, como a empresa é formalmente conhecida, definiu os preços dos combustíveis domésticos seguindo a política declarada da empresa de acompanhar os mercados globais. Defensores dessa política observaram que a Petrobras não pode cobrir todas as necessidades domésticas de combustível do Brasil, portanto, descontos excessivos podem levar à escassez.

Nos últimos meses, a inflação teimosa cortou a aprovação do governo e impulsionou o candidato presidencial de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva nas pesquisas de opinião. Bolsonaro agora diz que quer começar do zero com pessoas comprometidas com preços mais baixos.

Na prática, o processo de avaliação dos novos candidatos à diretoria e gestão ainda não começou.

Até a última sexta-feira, a Petrobras ainda não havia recebido os novos indicados do governo para o conselho, nem uma indicação formal do novo CEO de Bolsonaro, o funcionário do Ministério da Economia Caio Paes de Andrade, segundo fontes da empresa.

Encontrar vários indicados tanto para o conselho quanto para a equipe de gerenciamento pode ser um desafio. De acordo com a legislação administrativa brasileira, os funcionários de empresas públicas podem, em determinadas situações, ser responsabilizados pessoalmente por decisões que gerem prejuízos nas empresas públicas.

“Você não encontra 15 nomes iguais a esse que querem colocar seu currículo e sua riqueza em risco”, disse uma das pessoas.

 

 

 

Fonte: O Petróleo

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