No século XV foi o litoral do Nordeste que permitiu que o mundo acessasse o Brasil. A geografia serviu de porta de entrada para anos de história e formação nacional, transformando a região em um grande potencial produtivo brasileiro no mercado internacional. Fortalecer este caminho é a missão da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) através do Programa de Qualificação para Exportação (Peiex), inaugurado em Recife e em Maceió na última quinta-feira (02/12). O núcleo irá atender empresas de Pernambuco e Alagoas, através de parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC-PE).
“Atualmente, a região Nordeste representa menos de 8% das exportações brasileiras. Dada a pujança do setor empresarial de Pernambuco e Alagoas, potencializar as vendas internacionais nesse estado representa, sobretudo, o desenvolvimento regional. E temos a infraestrutura que colabora muito, como o Complexo Industrial Portuário Governador Eraldo Gueiros, mais conhecido como Porto de Suape, para fornecer esse tipo de atividade”, destaca o diretor de Negócios da ApexBrasil, Lucas Fiuza.
Em 2021, Pernambuco conta com 275 empresas exportadoras, em sua maioria do setor de transformação, com grande valor agregado, como polímeros, e Alagoas conta com cerca de 60, sendo a maior parte relacionada à produção de açúcares. A meta do Peiex é superar esse número até 2023 e capacitar 125 empreendimentos pernambucanos e 50 alagoanos para exportação.
De acordo com dados da área de Inteligência da Apex-Brasil, a região de Pernambuco apresenta grande potencialidade para os setores como de calçados, produtos de limpeza, pescados e autopeças. Já para Alagoas, os estudos da Agência apontam setores de material plástico, laticínios e bebidas não-alcóolicas, como sucos.
O Peiex já havia sido desenvolvido nos dois estados entre 2008 e 2018, com bons resultados, inclusive, para geração de empregos diretos. Foram 1.200 empresas qualificadas para exportar. Um exemplo é a empresa Brasil Prime, de polpas de frutas e açaí. A empresa tem sede em Vitória de Santo Antão (PE) e com a capacitação do programa começou exportando um contêiner de produtos para os Estados Unidos. Agora projeta 20 contêineres para o próximo mês com o mesmo destino, além de ter conquistado compradores na Espanha.
“Um ponto importante para o desenvolvimento de nosso estado é que nossa mercadoria é toda comprada no interior. Isso incentiva novos produtores locais, novos trabalhadores no segmento. Conseguimos tudo através do Peiex. É a melhor coisa para qualquer empresário que pretende exportar”, conta a sócia-fundadora da Brasil Prime, Maria Cristina Moraes.
A empresa têxtil Babilônia, de Recife, por sua vez, está participando pela primeira vez do Peiex, apesar de já exportar para alguns países. A busca pelo programa partiu da direção da marca, uma vez que ter acesso à capacitação individualizada da ApexBrasil representa mais segurança para investir de fato na internacionalização das vendas, como explica a diretora Luísa Costa. “Nós fizemos partes de algumas feiras internacionais no passado e conhecemos o potencial do nosso produto para vendas externas. A oportunidade agora de nos qualificarmos é muito importante para finalmente nos sentirmos seguros para exportar”, diz.
