Acre se torna estratégico para empresários do Norte fazerem negócios com a China
Exportar produtos em menor escala para a China, um sonho de pequenos e médios empresários dos estados amazônicos, está cada vez mais próximo de se tornar realidade. E o Acre assume papel fundamental nesse processo, por sua posição estratégica: está a 1,9 mil quilômetros do porto peruano de Ilo, já no oceano Pacífico.
A informação foi divulgada pelo presidente da Federação da Indústria de Rondônia (Fiero), Gilberto Batista, em reunião com o governador do Estado do Acre, Gladson Cameli, o presidente da Federação das Indústrias do Acre, José Adriano Ribeiro, e empresários norte-americanos do setor de desenvolvimento de soluções estratégicas para comércios transnacionais, no Gabinete Civil.
Se antes o comércio com o gigante asiático era restrito apenas a grandes exportadores brasileiros de commodities – soja, o minério de ferro e óleos brutos de petróleo –, do Centro-Oeste, do Sul e do Sudeste do País, agora esse leque se amplia para empresários do agronegócio na região Norte e que trabalham com escala de produções menores.
“São aqueles [empresários] que não têm a possibilidade de manter uma frequência regular de exportação, possuem uma produção relativamente pequena e que por isso, não tinham vez nos grandes mercados”, explica Batista. “A partir de agora, se um contêiner enviado para a Ásia não era preenchido por um único produtor, esse mesmo contêiner será compartilhado pelos demais pequenos”, completa o presidente da Fiero.
A empresa China Link trading, especializada em outsourcing e compras estratégicas, mostra que em 2017, além do Distrito Federal, 13 das 25 unidades federativas tiveram a China como o principal receptor de seus produtos no exterior, contra seis dos Estados Unidos (segundo principal destino das vendas externas dos estados brasileiros).
Já no ano passado, os chineses foram o principal importador dos estados das Alagoas, da Bahia, do Distrito Federal, de Goiás, Mato Grosso, do Mato Grosso do Sul, de Minas Gerais, do Pará, do Paraná, do Piauí, do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e do Tocantins. Dos principais produtos, a soja ficou em primeiro lugar, com 43% do total importado, seguido do minério de ferro e concentrados (22%), e dos óleos brutos de petróleo (15%).
O governador Gldason Cameli recebeu com entusiasmo a notícia de que o Acre terá papel estratégico para os demais estados e para si mesmo, nessa nova modalidade de comércio, ressaltando que a política de preservar o ecossistema local, respeitando a legislação florestal e focado na geração de emprego e renda por meio do agronegócio, continua sendo a prioridade número um de seu governo.
“Estivemos com o governo federal fazendo gestões para que possamos desenvolver a rota para o Peru, por meio da estrada do Pacífico, e em breve teremos encontro aqui na fronteira com os presidentes do Peru e da Bolívia. Será uma agenda importante para o crescimento da nossa economia local e de toda a região Norte”, afirmou Cameli. O governador está motivado pelo interesse de empresários estrangeiros em investirem no Acre, com vistas à saída para o Pacífico.
Do encontro ficou acertado que Gladson Cameli convidará seus colegas governadores amazônicos para participar de um encontro sobre a nova gestão de comércio com a China em Cantão, em novembro deste ano.
Fonte: Folha Nobre