Acionistas da EDP votam contra oferta de aquisição da CTG, mas parceria continua
Os acionistas da elétrica EDP Energias de Portugal votaram nesta quarta-feira para na prática bloquear uma oferta pública de aquisição (OPA) de 9 bilhões de euros da chinesa China Three Gorges (CTG) pela companhia, mas a empresa portuguesa afirmou que a parceria com a chinesa continuará, com foco na América Latina.
A oferta da CTG para a compra da maior empresa de Portugal tinha como condição fundamental a eliminação de um limite para o direito a voto na EDP, de 25 por cento, mas essa mudança sofreu oposição do investidor ativista Elliot e foi rejeitada pelos acionistas em geral em assembleia nesta quarta-feira.
O órgão regulador do mercado de ações português já havia dito que a rejeição à proposta daria fim à oferta da CTG.
Analistas já viam como pouco provável a continuidade da oferta pela CTG devido à grande demora da empresa para lançá-la formalmente após seu anúncio inicial, em maio de 2018, e pela oposição de autoridades dos Estados Unidos a um controle pelos chineses do significativo negócio de energia renovável da EDP no país.
“O que aconteceu hoje tem a ver com essa oferta em particular, e não com o futuro da empresa… a parceria com a CTG será mantida”, disse a jornalistas o presidente-executivo da EDP, Antonio Mexia.
A estatal chinesa CTG já é a maior acionista da EDP, com uma fatia de 23 por cento.
“Ela (a parceria) tem todo um potencial, toda sua força, estamos tranquilos tanto com o futuro da companhia quanto com a parceria com a CTG”, afirmou Mexia. Ele acrescentou que EDP e a CTG farão de tudo para criar valor para os acionistas, com foco nas operações na América Latina, onde esperam entrar em novos mercados.
“A América Latina já é hoje uma área de colaboração entre a EDP e CTG e estamos trabalhando em conjunto para entrar em novos mercados na América Latina”, disse ele. “Quanto ao resto, já veremos… Tudo está em aberto.”
Fontes familiares com o assunto disseram à Reuters no mês passado que a EDP poderia propor uma joint venture com a CTG que permitisse à empresa chinesa expandir sua presença no Brasil e no restante da América Latina.
A CTG está entre as estatais chinesas que têm ampliado seus investimentos na Europa nos últimos anos.
A alteração nos direitos a voto na EDP precisava do apoio de dois terços dos acionistas presentes à assembleia geral, mas quase 57 por cento dos que compareceram votaram contra.
“Os acionistas votaram claramente, eles foram contrários à oferta”, disse um dos acionistas.
Os investidores presentes à assembleia representavam apenas pouco mais de 65 por cento do capital votante, disse a EDP.
Fonte: Reuters