Cafés brasileiros na Expo Dubai: produtores preveem quintuplicar exportações para a região
Os cafés especiais brasileiros darão cheiro e sabor ao Pavilhão do Brasil na Expo Dubai. Ao todo, a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) levará sete diferentes marcas de alto padrão, com paladares e acentos únicos. Desses, três são originários de produtores que participam do projeto setorial Brazil: The Coffee Nation, desenvolvido pela Apex-Brasil em parceria com a Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), cujo objetivo é promover os cafés especiais brasileiros no exterior.
Segundo a Associação, em 2020, o país obteve receita total de US$ 1,804 bilhão com a exportação realizada por empresas apoiadas pelo projeto, superando a projeção estipulada de US$ 1,015 bi e apresentando crescimento de 6% sobre o desempenho registrado em 2019 (US$ 1,701 bi). No ano passado, 68 empresários realizaram embarques – ultrapassando a meta de 55 – e 268 empresas foram atendidas pela iniciativa, 23 a mais que o objetivo de 245 companhias.
A diretora da BSCA, Vanusia Nogueira destaca que a Expo Dubai é um ambiente muito relevante, já que os Emirados Árabes Unidos (EAU) estão na lista dos mercados-alvos do projeto tanto para os cafés crus, in natura, quanto para o produto torrado e moído. “O conceito do projeto para a Expo Dubai sintetiza a escolha feita pelo setor dos cafés especiais para posicionar o Brasil como a nação que, além de ser dotada dos recursos naturais essenciais para o cultivo dos melhores cafés, dedica seus esforços, conhecimento técnico e experiência secular para atingir os mais altos requisitos de qualidade, de forma sustentável e em observância a rígidas normas de direito social e ambiental, mantendo os tradicionais e atraindo novos clientes para nossos cafés especiais”, comenta a diretora.
Certificação
As três marcas servidas no Pavilhão do Brasil que fazem parte do projeto Brazil: The Coffee Nation – Rancho Grande, Santa Edwirges e Bom Jardim – já são comercializadas em Dubai pela importadora de luxo Gold Box Roasters, uma marca de origem inglesa especializada em cafés gourmets, com lojas em Londres e Dubai. Os cafés Rancho Grande e Santa Edwirges são produzidos nas fazendas homônimas, em Éloi Mendes, no Sul de Minas Gerais. Já o café Bom Jardim é representante da região de Alta Mogiana, no interior de São Paulo.
Os sabores sofisticados e a qualidade são a marca dos cafés. O Rancho Grande contêm grãos da variedade Topázio, que passam por processo de produção natural, desenvolvendo notas de maracujá, abacaxi, chocolate e caramelo. O Santa Edwirges é um café mais doce, com corpo longo, acidez controlada e notas de frutas vermelhas, 100% Arábica. Os dois cafés possuem certificação UTZ, que garante responsabilidade socioambiental e segurança alimentar do produto. O Bom Jardim tem aromas de groselha preta, framboesa, uva e fundo de caramelo e sua produção é orgânica.
O diretor administrativo da Fazenda Rancho Grande, Flávio de Oliveira Reis, comenta que produz cafés especiais há 10 anos. A produção anual do café de alto padrão chega a 1.600 sacas e as exportações para Dubai, e são de um contêiner/ano (320 sacas de 60kg). A expectativa é de que, depois da Expo Dubai, esse volume chegue a cinco contêineres anuais.
O diretor da Fazenda Santa Edwirges, Hugo Felizali de Brito, também destaca que a Expo pode abrir portas no mercado crescente asiático. “Esperamos atingir uma marca de mais 10 contêineres após e durante o evento, podendo aumentar ainda mais com a crescente demanda. Ir à Expo Dubai é uma conquista enorme, pois temos trabalhado a qualidade e sustentabilidade de nossos cafés por décadas e significa muito representar o importante setor cafeeiro brasileiro na maior feira do mundo”, afirma.
Segundo os produtores, a parceria entre a Apex e a BSCA com o projeto Brazil: The Coffee Nation foi um elo importante para chegarem ao mercado externo, principalmente no caso da Expo Dubai. “Todo nosso esforço na produção de cafés de qualidade somente é valorizado e reconhecido com parcerias como esta”, conclui Hugo.
Os Emirados Árabes e o café
Com uma longa tradição de consumo de café, já que a planta foi descoberta na Etiópia e levada para a Arábia Saudita no séc. XV, os países árabes são um mercado promissor para o café brasileiro. Dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) mostram que, de janeiro a agosto de 2021, o Brasil exportou para os EAU 93,8 mil sacas ou 0,35% do total de exportações, com receita de US$ 12 milhões. E esse volume tende a crescer.
Segundo estudo da Apex-Brasil sobre o mercado de bebidas quentes nos países árabes, a grande população de estrangeiros dos EAU contribui para o aumento do consumo deste tipo de bebida, havendo preferência por cafés de excelência. Jovens consumidores de alta renda também preferem produtos com Certificação de Origem e cuja produção seja sustentável, como os cafés brasileiros que serão servidos no Pavilhão do Brasil na Expo.
Outro ponto positivo para os exportadores brasileiros é a ausência da cobrança de Imposto sobre Valor Agregado (IVA), proporcionando vantagens em relação a outros mercados. Além disso, o estudo também destaca que 82% do PIB dos EAU provém de exportações, pois o país é um hub exportador para o Oriente Médio e Ásia.
Cup of Excellence 2021
Com olho nesses e em outros mercados internacionais, a produção dos cafés especiais brasileiros tem firmado sua qualidade a cada dia. Prova disso são os resultados da fase Nacional do Cup of Excellence – Brazil 2021: dos 743 lotes inscritos, 203 tiveram nota acima de 86 pontos, sendo que 125 receberam pontuação igual ou superior a 87 (a qualificação vai de 0 a 100), sendo todos classificados para a final, ao invés da previsão inicial de 100 lotes. O concurso é o principal evento para qualificar cafés em todo o mundo e, no Brasil, é realizado pela BSCA em parceria com a Alliance for Coffee Excellence (ACE) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil).
Cafés especiais
Segunda a BSCA um café especial é aquele cujos grãos são isentos de impurezas e defeitos, com sabores e cheiros diferenciados. A bebida resultante é, portanto, limpa e doce, com corpo e acidez equilibrados. Os cafés especiais devem ter qualificação acima dos 80 pontos na análise sensorial (que varia de 0 a 100). Além dessas qualidades técnicas sensoriais, também devem ter rastreabilidade certificada e respeitar critérios de sustentabilidade ambiental, econômica e social em todas as etapas de produção.
Mas o cuidado para se ter uma bebida de alta qualidade vai muito além da produção. Segundo a Gold Box, a torrefação, a moagem e a pureza da água são imprescindíveis para a excelência da bebida que chega à mesa. E é essa experiência que será oferecida ao público que passar para tomar um cafezinho no Pavilhão do Brasil na Expo Dubai.
Expo Dubai
A Expo Dubai é uma exposição universal, evento itinerante que ocorre a cada cinco anos, em que a maior atração são os pavilhões dos países participantes. Este ano, ocorrerá em Dubai, nos Emirados Arabes Unidos, entre os dias 1º de outubro de 2021 e 31 de março de 2022. A expectativa é atrair 25 milhões de visitantes de todo o mundo com o intuito de explorar inovações, ideias, avanços científicos e tecnológicos. Reunirá diversos setores, tais como empresas privadas, ONGs e instituições governamentais, todas destinadas a discutir negócios, tecnologia, urbanismo, sustentabilidade, ciências, cultura, gastronomia e economia. Trata-se do maior evento do globo de posicionamento dos países perante a comunidade internacional. O Brasil e outras 191 nações, instaladas em pavilhões nacionais distribuídos por uma área de 4.380 m2, localizada entre Dubai e Abu Dhabi, vão expor o estado da arte do que vem sendo feito de singular, inovador, tecnológico e sustentável em diversos setores econômicos. Este ano, em especial, a exposição universal marca um momento de virada para o reposicionamento dos países no período pós-pandemia em termos de imagem, retomada dos negócios e superação da crise gerada pela Covid-19.