Dólar recua com melhora de cenário político e falas de Campos Neto
Roberto Campos Netto disse que reservas cambiais estão saudáveis e que autarquia poderia atuar “até onde for necessário”; Dória e Bolsonaro selam “paz”.
O dólar recua frente ao real, nesta quinta-feira, 21, com a melhora do cenário político local, após a reunião do presidente Jair Bolsonaro com governadores e presidentes do Senado e da Câmara. As declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, de que a autarquia pode aumentar a atuação no mercado de câmbio também pressionam a moeda para baixo. Às 13h20, o dólar comercial caía 1,6% e era vendido por 5,560 reais. O dólar turismo cai 0,2%, cotado a 5,91 reais.
Em reunião organizada para pedir veto ao aumento dos salários dos servidores públicos, Bolsonaro se mostrou mais flexível e selou uma trégua com o governador do estado de São Paulo, João Dória, com quem vinha trocando farpas sobre a questão do isolamento social. Dória chegou a exaltar a forma com a reunião foi conduzida e disse que seguiria “em paz”, pois “a guerra coloca todos em derrota”.
“A diminuição da tensão política é o principal fator para a queda do dólar. Havia muito risco político no preço”, afirmou Pablo Spyer, diretor de operações da Mirae Asset. Segundo ele, ainda há espaço para o real se fortalecer mais. “Caiu bem a volatilidade implícita do dólar. Com o medo diminuindo, fica mais fácil para o dólar cair”, disse.
Na véspera, em live da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), Campos Netto disse que as reservas brasileiras estão saudáveis e que a autarquia poderia usá-las “até onde for necessário”.
Jefferson Ruik, diretor de câmbio da Correparti, vê as declarações do presidente do BC como um gatilhos para o fortalecimento do real neste pregão. “O especulador, na hora de montar posição em dólar, pensa duas vezes com receio de que o BC faça intervenções na moeda. Então, eles começam a desmontar posições”, disse.
Entre as principais divisas emergentes, o real é a que mais se valoriza nesta quinta. Assim como tem feito nas últimas sessões, o BC voltará a fazer oferta de swap cambial. Hoje, o leilão programado será de até 12 mil contratos de swap. Na última sessão, o dólar caiu 1,2%, com os investidores otimistas com a reabertura das principais economias do mundo, em especial a americana.
No cenário externo, os investidores repercutem a escalda de tensões sino-americanas. Ontem, o presidente Donald Trump voltou a usar sua página do Twitter para acusar a China de ser responsável pela pandemia do coronavírus covid-19. Trump também acusou a China de fazer uma campanha de desinformação para favorecer seu concorrente, o democrata Joe Biden, na corrida pela Casa Branca.
Por aqui, as atenções estão voltadas para a reunião do presidente Jair Bolsonaro com governadores. Segundo Ruik, o mercado espera que o presidente direcione a conversa para tentar impedir aumento de salários por parte dos entes federativos. “Se autorizar o aumento para o funcionalismo ele estará indo contra o Paulo Guedes.”