Lucro da Neoenergia no 4° tri soma R$618 mi; investimento alcança R$4,4 bi em 2019
A elétrica Neoenergia NEOE3.SA registrou lucro líquido de 618 milhões de reais no quarto trimestre de 2019, com avanço de 75% na comparação anual, enquanto os investimentos no ano somaram 4,4 bilhões de reais, segundo balanço divulgado na noite de segunda-feira.
O resultado da companhia, controlada pelo grupo espanhol Iberdrola (IBE.MC), ficou acima da média de estimativas de analistas compiladas pela Refinitiv, de 493 milhões de reais.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) somou 1,5 bilhão de outubro a dezembro, com alta de 43% ante mesmo período do ano anterior e também acima do esperado por analistas (1,33 bilhão de reais).
A receita operacional líquida da empresa, que tem operações de distribuição, transmissão, geração e comercialização de energia, somou 7,2 bilhões de reais no último trimestre de 2019, com alta de 8,6% na comparação anual.
No ano de 2019 como um todo, o lucro atribuído aos controladores somou 2,2 bilhões de reais, alta de 45% ante o 1,5 bilhão de 2018. Já os investimentos no ano somaram 4,4 bilhões de reais.
“Foi extraordinário do ponto de vista do grupo, em um ano em que a economia tinha no início do ano uma expectativa bem melhor para o PIB (do que o desempenho efetivamente visto)… Isso reflete a resiliência de nosso mercado, no Nordeste, e o crescimento do grupo”, disse à Reuters o presidente-executivo da Neoenergia, Mario Ruiz-Tagle.
A Neoenergia opera três concessões de distribuição de energia no Nordeste — na Bahia, Pernambuco e Rio Grande do Norte — além de uma distribuidora com atuação em São Paulo e Mato Grosso do Sul. Em geração, os ativos da companhia incluem parques eólicos e uma participação na hidrelétrica de Belo Monte, no Pará.
EXPANSÃO
Pelo lado da expansão dos negócios, a Neoenergia seguirá avaliando tanto oportunidades de crescimento com novos projetos próprios quanto possíveis aquisições, disse o CEO à Reuters.
“Continuamos, do ponto de vista orgânico, buscando alternativas, e também, dentre os potenciais ativos que estão no mercado, estamos avaliando certas oportunidades”, disse o executivo.
Segundo ele, a empresa deve buscar desenvolver mais empreendimentos eólicos, além de ter um projeto solar em estudo para a Região Nordeste.
Questionado sobre o interesse em hidrelétricas de estatais como Copel, Cemig e CEEE, que devem ser privatizadas nos próximos anos, em meio ao final de seus contratos de concessão, o executivo não descartou interesse, mas disse que investimentos nessa fonte não são a maior prioridade da Neoenergia.
O menor apetite deve-se à longa discussão judicial entre a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o governo brasileiro e elétricas sobre como lidar com custos com o chamado risco hidrológico— quando usinas hídricas geram abaixo do previsto por questões como baixo nível dos reservatórios.
Um embate judicial sobre o tema se arrasta desde 2015 e envolve atualmente 8,2 bilhões de reais. O governo tem tentado um acordo para resolver a disputa, mas o acerto dependeria de um projeto de lei que não tem sido levado para deliberação no Congresso.
“Hoje é muito difícil precificar hidrelétricas… é algo que não estamos conseguindo calcular, e não só nós, estão todos um pouco perdidos com o GSF (nome técnico para o risco hidrológico)”, disse Ruiz-Tagle.
“Então as hidráulicas, nesse momento, não são exatamente nossa primeira prioridade”, acrescentou ele, sem descartar no entanto uma avaliação dos ativos.
Ruiz-Tagle destacou ainda que a companhia pretende disputar com projetos a gás um leilão do governo em abril que oferecerá contratos de longo prazo para termelétricas.
Fonte: Reuters