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Postado em 26 de março de 2019 | 17:31

Frederico Bussinger: Entraves nos caminhos das ferrovias

Há dúvidas que ferrovias são, em geral, energeticamente eficientes, ambientalmente amigáveis e economicamente vantajosas? Por que, então, após o salto provocado pelas concessões dos anos 90, elas patinam? Por que tantas obras metro-ferroviárias paralisadas de norte a sul do país? Por que cronogramas postergados e orçamentos com baixa execução? Usando bordão habitual: “Por que o óbvio não acontece?”.

Paradoxal, por um lado, há porquê manter esperanças: I) No último século e meio elas foram importantes na ocupação do território, no surgimento de núcleos urbanos, no desenvolvimento da economia e para inserção do Brasil no comércio internacional. II) Ainda hoje seguimos tendo exemplos de ferrovias eficientes; em muitos aspectos benchmarking internacional. III) Nos últimos 20 anos 1/4 da malha foi recuperada e retomados alguns dos projetos travados.

Causas? Manifesto lançado na 22ª edição da Intermodal (2016) identificava entraves em praticamente todas as etapas dos empreendimentos – infelizmente algo não exclusivo do setor: No identificar oportunidades, no esquadrinhar o mercado, no conceber, no planejar, no projetar, no negociar com os diversos atores (“stakeholders”), no autorizar, no licenciar, no modelar, no licitar, no estruturar/financiar, no implantar, no operar, no comercializar, no fiscalizar (obras e operações), no regular.

Transitar do diagnóstico para a ação demanda estratégias em, pelo menos, duas frentes: conceitual e de abordagem; temas a serem detalhados em próximos artigos.

Em síntese:

Conceitualmente: I) Atualizar a própria visão de ferrovia; hoje com funções e características distintas daquelas do Século XIX: passageiros e cargas. II) Logística é algo mais amplo que transporte; que é mais que infraestrutura de transporte; que é mais que infraestrutura viária… o grande foco das ações governamentais brasileiras. III) Projeto é termo com várias acepções entre nós: ora é usado como designando ideia; ora plano; ora projeto de engenharia; ora modelagem; ora empreendimento. Alinharmo-nos é importante até para poupar tempo e energia.

Abordagem: I) Sem definição clara de objetivos, é óbvio, difícil superar os entraves. Uma boa referência é o “White Paper” europeu. II) Planos? Produzimos. Mas planejamento, mesmo, muito raramente: logística e mobilidade devem ser pensadas em conjunto. Há ganhos em planejamento por etapas; como, por exemplo, o da metodologia “FEL”. E o mais importante: planejar é, essencialmente, pactuar. Sem a estreita participação das diversas partes interessadas (“stakeholders”), a experiência indica, muito mais difícil a implementação. III) Um planejamento fragmentado reduz, enormemente, sua possibilidade de transformar a realidade. Ganharíamos, e muito, com uma abordagem intermodal, interinstitucional (diversas esferas de governo) e interfuncional (economia, ocupação urbana, ambiental, etc.); na linha dos “Corredores de Desenvolvimento”: boas práticas difundidas pelo Banco Mundial.

“Insanidade é continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes”, nos ensinou Einstein!

Sinopse da palestra do autor, sob o mesmo título, na 21ª “NEGÓCIOS NOS TRILHOS”; CONFERÊNCIA PARALELA À 25ª INTERMODAL SOUTH AMERICA.
PPT DISPONÍVEL: FBUSSINGER@KATALYSIS.COM.BR.

Fonte: A Tribuna


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