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Postado em 8 de junho de 2020 | 18:00

Obras na refinaria da OIL Group no Porto do Açu começarão em 2021, com pico até 2 mil empregos

A Oil Group (oilgroup.com.br) foi protagonista de duas notícias que movimentaram o setor de óleo e gás nas últimas semanas: a empresa anunciou a construção de uma refinaria no Porto do Açu, em São João da Barra (RJ), e assinou um memorando de entendimento com a EnP para viabilizar outra refinaria e uma fábrica de lubrificantes e asfalto no Espírito Santo. Sobre o primeiro projeto, o diretor de Downstream da Oil Group, Luiz Otávio Massa (foto), afirma que a unidade deve começar suas obras  no 4º trimestre do próximo ano, com um pico de 2 mil pessoas trabalhando na construção. “Atualmente, estamos no processo de licenciamento ambiental. Concomitantemente, estamos começando a desenvolver a engenharia do projeto básico, já que a engenharia conceitual já está pronta”, afirmou.

A refinaria será do tipo modular, com capacidade inicial de 20 mil barris/dia, e já tem acordos para a construção com a Intech Entrepose e Tridimensional Engenharia. Por essas escolhas, se vê o cuidado. A Tridimensional está há muitos anos no mercado e tem grande prestígio no setor de engenharia, construção e montagem. “A ideia da refinaria modular é trazer um ganho de nicho e logístico. Isto é, você se instala em uma região próxima a um ponto produtor de petróleo, produz o derivado e distribui na região próxima. É um grande ganho na parte logística”, acrescentou. Sobre a refinaria do Espírito Santo, Massa explica que o empreendimento ainda está na fase de projeto conceitual, definição da área de instalação e escolha dos suppliers para o óleo.

Como surgiu a oportunidade de investir neste refinaria dentro do Porto do Açu?

A Oil Group é uma empresa que chegou ao Brasil através da sua subsidiária SeaSeep, uma companhia de dados, e que rapidamente evoluiu para o mercado de exploração e produção (E&P). A Oil Group começou com a parte de E&P e, na sequência, como tinha seus blocos onshore, a empresa passou a querer agregar valor ao seu petróleo com a instalação de mini refinarias para processamento de sua produção. Esta não é uma prática muito comum no Brasil, já que mais de 98% do refino aqui é feito pela Petrobrás, mas é muito comum em países como Estados Unidos, Colômbia e outros. Então, imaginamos que seria possível fazer o mesmo modelo para processar em nossos campos onshore [aqui no Brasil].

Tivemos a crise de 2016 do preço do petróleo, mas mesmo assim os números de refino se tornaram muito interessantes. Descobrimos que havia uma possibilidade de mercado em downstream no Brasil. Não só mini refinarias processando nosso próprio petróleo, mas também refinarias modulares. Assim, resolvemos desenvolver um projeto de refinarias modulares com algumas respostas a riscos bastante interessantes para que pudéssemos atrair os investidores. Conseguimos desenvolver projetos bastante interessantes e chegamos a esse número inicial de até seis refinarias no Brasil, dentro de um modelo de investimento que traçamos ao longo desses últimos quatro anos.

Haverá sinergias entre estes projetos?

Ainda falando da refinaria no Porto do Açu, já existe alguma previsão de quando começarão os trabalhos de construção?

Qualquer outro projeto anunciado por nós não entrará em detrimento com outro. Pelo contrário. Esperamos anunciar mais projetos em um futuro próximo. E eles vão se somar ao projeto anunciado no Porto do Açu. Não vão concorrer. Serão cronogramas diferentes. A ideia é a construção das seis refinarias em um espaço de dez anos. Haverá um espaçamento entre um projeto e outro. Vamos distribuí-los no tempo para que possamos conseguir uma sinergia. A equipe que desenvolve a engenharia do primeiro projeto pode vir a desenvolvê-la no segundo e assim por diante.

Atualmente, estamos no processo de licenciamento ambiental. Concomitantemente, estamos começando a desenvolver a engenharia do projeto básico, já que a engenharia conceitual já está pronta. A parte de dados para licenciamento também já está pronta. Estamos na parte de desenvolvimento do projeto básico. Vamos começar as obras provavelmente no 4º trimestre do ano que vem.

O senhor poderia falar um pouco da escolha desse modelo de refinarias modulares?

O Brasil está acostumado com refinarias de grande porte. Uma das menores refinarias da Petrobrás, como a Reman, por exemplo, tem capacidade de 45 mil barris por dia. Na outra ponta, a empresa tem refinarias de 333 mil barris por dia.

Eu venho do mercado de construção e trabalhei na construção de quatro hidrelétricas. Você via no passado o Brasil construir grandes hidrelétricas, como Itaipu. Mas hoje, o mercado de hidrelétricas está pulverizado em Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs). Então, os grandes projetos são importantes. Mas hoje, as PCHs estão alimentando alguma indústria local ou comunidade próxima. Estamos vendo a mesma coisa no mercado de downstream.

As grandes refinarias aconteceram, mas hoje temos a possibilidade de refinarias modulares. Elas se tornam muito práticas já que, no caso de possibilidade de expansão da produção, basta adicionar mais módulos. A ideia da refinaria modular é trazer um ganho de nicho e logístico. Isto é, você se instala em uma região próxima a um ponto produtor de petróleo, produz o derivado e distribui na região próxima. É um grande ganho na parte logística.

A tecnologia da refinaria modular é interessante porque possuem alto grau de automação e baixo grau de complexidade. Essas refinarias têm uma “dieta” relativa de petróleo. Ou seja, se estas unidades forem alimentadas com um petróleo de determinada qualidade para o qual ela foi projetada, é possível obter uma produtividade máxima. No caso do Açu, a unidade vai atuar entre 21° e 23º graus API, com baixo teor de enxofre, para grande produção de gasolina e diesel dentro das especificações da Agência Nacional do Petróleo e do mercado internacional.

O senhor mencionou a capacidade de ampliação de produção. A refinaria do Porto do Açu poderá ter sua capacidade expandida em algum momento?

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Porto do Açu

A refinaria do Porto do Açu está prevista para produzir 20 mil barris. Mas nós já estamos obtendo o licenciamento ambiental para uma refinaria de 50 mil barris, porque acreditamos que este projeto vai se desenvolver de uma maneira muito positiva. Espero que em um futuro próximo possamos desenvolver esta refinaria de 20 mil barris para 50 mil barris.

Existe alguma previsão de quantos empregos serão gerados com as obras da refinaria no Açu?

Temos uma previsão inicial divida em três partes. Na operação da refinaria são entre 80 e 100 pessoas. Na construção vamos variar entre 500 e o pico de 2.000 funcionários/mês. E o chamado efeito renda, que é o que um projeto desse pode produzir na região, é de cinco vezes. Ou seja, 10.000 pessoas sendo direta ou indiretamente beneficiadas.

Queremos agradecer as pessoas que têm enviado currículos e as empresas que têm enviado portfólios. Tem sido até difícil responder a todos. Mas gostaríamos de agradecer a participação de cada um. Estamos recebendo com muita alegria para que, no momento oportuno, possamos atuar nesse mercado.

Quem serão as empresas que estarão envolvidas no projeto?

Estamos em negociação com a Shell Trading para fornecimento de petróleo. Temos acordos para Engenharia e Tecnologia com a Entrepose IKL e Axens. No Brasil, os acordos para a construção são com a Intech Entrepose e Tridimensional Engenharia. A nossa Engenharia Proprietária (Owner’s Engineering) está por conta da Header Engenharia. Na parte de licenciamento ambiental, fechamos com a Biodinâmica.

Essas empresas foram escolhidas dentro de um processo de desenvolvimento que foi acontecendo ao longo do tempo. Consultamos diversas empresas de cada segmento. Obviamente, consultaremos diversas empresas nos projetos futuros. Mas hoje, para o Açu, chegamos aos melhores acordos com as companhias que citei anteriormente.

Agora, gostaria que o senhor falasse um pouco do segundo projeto anunciado – o da Refinaria Espírito Santo (RefinES).

Assinamos um acordo com a EnP para a construção da refinaria Espírito Santo e da Fábrica Capixaba de Lubrificantes e Asfalto (LubCap). A ideia é fazer a construção no norte capixaba, mas evidentemente que as áreas ainda não estão definidas. Este é um acordo muito interessante, porque o Espírito Santo é um estado que tem mostrado uma saúde financeira muito boa e um posicionamento em termos de economia e desenvolvimento de negócios bastante interessante. Vemos este projeto com muito bons olhos. Este projeto, diferentemente do projeto do Açu, ainda está em sua fase conceitual.

Quais serão os próximos passos?

Refino-projetos-odyvouvgxu7minla4oebopvi8iggh06lu3wklfqysgO próximo passo é desenvolver o projeto conceitual, definir a área e os suppliers para o óleo. E definir a especificação dos produtos e consequentemente desenvolver todos os parâmetros de projeto conceitual para que possamos seguir com o planejamento da construção.

O anúncio das refinarias da Oil Group acontece em um momento desafiador no setor de óleo e gás. Como avalia esse cenário e como estão se preparando?

O que temos observado é que as respostas aos riscos que nós planejamos desde o início da empresa têm se mostrado eficazes. Temos ouvido muitos comentários de que as empresas que trabalham integradas na E&P e refino têm uma resposta ao risco de caixa muito melhor que as demais companhias. O interessante é que desde o início projetamos a Oil Group para dar esta resposta aos riscos de preço de petróleo muito alto ou preço muito baixo – que foi o que aconteceu agora.

Mas quando você atua de forma integrada, as margens do refino aliviam a empresa no momento de baixa do barril. Quando os preços estão altos, as margens de E&P aliviam o caixa.

Temos observado a situação com muita reserva, mas com bastante confiança de que as respostas que planejamos para os riscos têm sido eficazes. Além do mais, não podemos pensar só em um período de um ano. O projeto do Porto do Açu está previsto para começar em 2023/2024. Daqui até lá, tem muita coisa para acontecer. O importante são as respostas para os riscos sejam consistentes.

 

 

Fonte: Petro Notícias


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