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Postado em 9 de outubro de 2019 | 18:35

Espanhola Iberdrola olha Brasil com otimismo e avaliará privatizações em energia

O grupo espanhol Iberdrola está otimista com o atual momento do Brasil, onde controla a elétrica Neoenergia, e avaliará de perto privatizações de ativos no setor de eletricidade local, disse à Reuters nesta quarta-feira o presidente da companhia, Ignacio Galán.

O apetite, que pode eventualmente aumentar ainda mais o já robusto plano de investimentos da Neoenergia, que prevê aporte de 30 bilhões de reais no país até 2022, é embalado por expectativas de reformas econômicas, disse Galán, que está à frente da Iberdrola desde 2001 e já conheceu cinco presidentes brasileiros.

“Se houver oportunidade de alguma privatização, de distribuidoras ou geradoras, estudaremos e olharemos”, afirmou o executivo. “De claro, de concreto, temos nosso ‘business plan’. Outros (negócios), quando acontecerem, olharemos, estudaremos e veremos. Teremos interesse, sem dúvida.”

O executivo não citou possíveis alvos, mas destacou que a Iberdrola e a Neoenergia têm poder de fogo para voos altos.

“Nós temos fundos próprios, temos todos os bancos do mundo atrás de nós, porque nossos níveis de endividamento globais são baixos. E a capacidade de gerar caixa é muito elevada. A companhia gera neste momento, o grupo, em torno de 50 bilhões de reais ao ano. Dá pra comprar muitas coisas (risos). Portanto, não é um problema de dinheiro, é um problema de oportunidades”.

Galán, que visita o país com frequência —mais de uma dezenas de vezes em alguns anos— disse que há um novo humor em relação ao Brasil no mundo devido às perspectivas de reformas prometidas pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.

“Falou-se por muito tempo da reforma da Previdência, vários governos queriam fazer e finalmente vai acontecer. Isso é um ponto positivo de cara para os mercados financeiros, é um problema a menos no país. Há comentários do Guedes de que essa é a primeira de uma cadeia de reformas que o país quer empreender em muitos campos e isso é muito bem recebido.”

LEILÕES E REFORMA ELÉTRICA
Em paralelo, o grupo espera crescer no Brasil com a busca por ativos de geração renovável e transmissão em leilões do governo brasileiro para novos projetos, através da Neoenergia, que já avalia uma próxima licitação de concessões para a construção de linhas de transmissão agendada para dezembro.

No último pregão de transmissão, em dezembro passado, a Neoenergia foi a maior vendedora, com quatro lotes de empreendimentos que demandarão 6 bilhões de reais em investimentos.

“De imediato, temos os leilões. O de transmissão, estamos nos preparando e participaremos. Conhecemos bem, podemos agregar valor e sabemos fazer as coisas de uma maneira profissional, e não especulativa”, afirmou Galán.

A Neoenergia também se esforçará para ampliar o portfólio de projetos de geração renovável no país por meio de contratos privados, no chamado mercado livre de energia, onde grandes consumidores podem assegurar o suprimento diretamente em negócios com geradores e comercializadoras.

A companhia anunciou no mês passado que aprovou um orçamento de 1,9 bilhão de reais para um parque eólico entre Piauí e Bahia que terá 70% da produção futura comercializada junto a clientes livres.

“Há uma equipe comercial muito potente que está reforçando-se precisamente para esse tema. No México somos o segundo maior produtor de eletricidade, depois apenas do Estado mexicano, com cerca de 20% da energia do país. E a maior parte é vendida para clientes privados”, apontou Galán.

O chefe da Iberdrola ainda elogiou os planos do Ministério de Minas e Energia brasileiro de implementar uma reforma liberalizante nas regras do setor elétrico, o que segundo ele deverá atrair mais investimentos.

“Nós temos um programa de geração distribuída de energia, de colocar nas casas dos clientes painéis solares. Tudo isso, quanto mais se liberaliza (o mercado), mais rápido pode se fazer.”

Ele ponderou, no entanto, que as reformas também podem gerar algum risco, exigindo cautela, o que segundo ele está no radar do governo e do ministro de Minas e Energia, o almirante Bento Albuquerque.

“O ministro, por ser um almirante, um militar, é como um engenheiro, uma pessoa ordenada, sistemática. E isso é positivo, não percebo surpresas no planejamento energético do Brasil. Percebo uma linha ascendente rumo a uma maior liberalização, maior privatização, energias mais sustentáveis.”

A Neoenergia possui distribuidoras de energia no Nordeste e Sudeste do Brasil, com 34 milhões de clientes, além de operar linhas de transmissão e ativos de geração com cerca de 4,5 gigawatts em capacidade.

A companhia concluiu em julho uma oferta inicial de ações na bolsa brasileira B3 que movimentou 3,7 bilhões de reais. Os papéis da companhia acumulam variação positiva de cerca de 30% desde então.

Fonte: Reuters


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