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Postado em 11 de novembro de 2018 | 16:36

Engie tem negociações avançadas para eólicas com 100% de contratos no mercado livre

A gigante francesa Engie pretende viabilizar seus próximos parques de energia eólica no Brasil sem ajuda das fortemente disputadas licitações do governo federal para novos empreendimentos de geração, que atraíram mais de mil projetos em suas últimas rodadas.

A empresa está em negociações com clientes no chamado mercado livre de energia para assinar contratos de venda em volume suficiente para permitir a construção de usinas que demandariam investimentos bilionários, disse à Reuters o diretor financeiro da Engie Brasil Energia, Carlos Freitas.

A estratégia busca aproveitar a força das operações de comercialização de eletricidade do braço local da Engie, que é líder em negociações no mercado livre —no qual grandes clientes, como indústrias, podem fechar contratos de suprimento diretamente com os fornecedores.

“Nós temos mais de 400 clientes aqui na Engie, de vários portes, vários setores, e nossa ideia é usar essa capacidade comercial que temos aqui. Já estamos fechando contratos, até ter a ‘massa crítica’ suficiente que viabilize o investimento. A gente espera poder anunciar algo em breve”, adicionou, sem descartar um anúncio ainda em 2018.

O executivo disse que a intenção da Engie é construir usinas que somem uma capacidade de ao menos 300 megawatts, um tamanho suficiente para gerar ganhos de escala que permitem redução nos custos de implantação e tornam competitivo o preço de venda da energia.

Empreendimentos desse porte demandariam recursos bilionários —o complexo eólico Umburanas, na Bahia, com 360 megawatts em capacidade, por exemplo, está orçado em 1,8 bilhão de reais, com obras em andamento pela Engie.

Outro empreendimento eólico em implementação pela companhia é a Fase I do complexo Campo Largo, também na Bahia, com 360 megawatts e investimento de 1,7 bilhão de reais (base 2014).

Os dois projetos em andamento, no entanto, tiveram parte da produção vendida no mercado regulado, por meio dos leilões governamentais, em contratos de 20 anos e receita corrigida pela inflação.

Campo Largo tem quase metade da energia negociada no mercado livre, enquanto em Umburanas a parcela é de 70 por cento.

“Para os novos projetos, nossa ideia original, hoje, é focar no mercado livre… estamos olhando para viabilizar projetos que estejam 100 por cento ou quase 100 por cento no mercado livre”, disse Freitas.

O movimento da Engie acontece em meio a uma acirrada competição nas licitações reguladas do Brasil, que levou os preços oferecidos nos contratos eólicos a uma mínima histórica de 67,60 reais por megawatt-hora no ano passado.

No mercado livre de energia, por outro lado, é possível fechar contratos de médio prazo por valores hoje na casa dos 170 reais por MWh, segundo cotações da BBCE, plataforma eletrônica de negociações.

“Os preços que têm saído nos leilões regulados são preços que, para a gente, não parecem atrativos. Então a gente prefere focar no mercado livre, onde temos preços mais atrativos e a vantagem competitiva de ser o maior player do Brasil nesse mercado”, disse Freitas.

O modelo da Engie também já tem ganho força no mercado internacional —a compra de energia renovável por empresas em contratos de longo prazo bateu um recorde global em 2018, com 7,2 gigawatts registrados, contra 5,4 gigawatts em 2017, segundo a Bloomberg New Energy Finance.

CAPITALIZAÇÃO
A Engie Brasil Energia divulgou nesta semana uma proposta de capitalização da companhia em cerca de 2 bilhões de reais com o uso de 1,6 bilhão de reais em reservas de lucros e do lucro líquido do terceiro trimestre, de 475 milhões de reais.

A operação será realizada por meio de um aumento de capital em que cada acionista receberá uma nova ação para cada quatro já detidas na elétrica.

Em paralelo, a Engie anunciou um pagamento de 652,7 milhões de reais em dividendos intermediários e 397 milhões em juros sobre o capital próprio para os acionistas.

“A gente fez isso para mandar uma mensagem ao mercado, de que apesar de estarmos capitalizando as reservas até setembro, a gente não vai mudar a política de dividendos que temos há vários anos”, afirmou Freitas.

“A gente acha que essa operação (de capitalização) aumenta a liquidez do papel, porque fica com mais ações em circulação e a um preço mais baixo”, explicou ele, que avalia que a medida pode aumentar o interesse do investidor pessoa física pelas ações.

“Essa é a razão de fundo, não é uma operação para financiar uma aquisição, nada assim”, afirmou.

Uma assembleia para deliberar sobre a proposta de aumento de capital foi agendada para 7 de dezembro.

Fonte: Reuters


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