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Postado em 15 de junho de 2020 | 17:32

Disputando espaço com a China, EUA querem comprar mais minério do Brasil

Como parte da aproximação diplomática entre os presidentes brasileiro e norte-americano, Jair Bolsonaro e Donald Trump, a pauta dos acordos bilaterais parece estar avançando. Há, no horizonte próximo, um possível acordo de livre comércio entre os dois países sendo negociado.

Apesar de incentivada por Bolsonaro, a possibilidade sempre pareceu utópica por aqui, mas os norte-americanos trabalham com a possibilidade de fechar até cinco capítulos de um “mini acordo comercial” com o Brasil até o fim do ano, apesar do coronavírus.

De acordo com fontes da diplomacia dos Estados Unidos no Brasil, será dada, até o fim do ano, uma maior atenção ao setor mineral brasileiro. O país busca mais fontes de matéria-prima para produtos tecnológicos, como computadores e celulares, pois consideram que estão com mercado fornecedor restrito nesse setor.

É um interesse que vai além do alumínio e do aço, produtos de destaque na pauta de exportações do Brasil para os EUA e que foram tema de polêmica quando Trump aumentou as tarifas de exportação para o Brasil, voltando atrás dias depois.

Nesse sentido, os americanos não se opõem aos esforços do presidente Jair Bolsonaro para permitir a mineração em terras indígenas e nas fronteiras. Apesar de garantirem que não fazem pressões para essa liberação, a diplomacia do país acredita que a criação de regras seria fonte de riquezas tanto para o governo quanto para os próprios indígenas e uma maneira de combater a mineração ilegal nos seus territórios, essa sim uma preocupação americana, por causa dos crimes internacionais envolvidos, como a lavagem de dinheiro.

O mini acordoSegundo fontes da diplomacia norte-americana, os moldes do acordo que está sendo costurado com o Brasil seriam muito parecidos com os primeiros capítulos do Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA), que substituiu o antigo Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta).

A prova da boa vontade americana é a chegada de um embaixador, Todd Chapman, que expressa publicamente o objetivo de dobrar o comércio entre Brasil e Estados Unidos nos próximos cinco anos. Caso isso ocorresse, os americanos disputariam com a China o lugar de maior parceiro comercial do Brasil.

A relação entre os presidentes tem peso e o governo Trump está disposto, segundo informam fontes do país, a ignorar as reclamações de parlamentares norte-americanos oposicionistas sobre a aproximação com o Brasil, mas a mão amiga dos americanos tem a ver com uma disputa internacional por influência com a própria China.

O Brasil prepara um leilão para escolher empresas que vão instalar a rede de telefonia 5G no Brasil, um negócio de R$ 20 bilhões, mas que envolve mais que dinheiro.

Os EUA não gostariam que o Brasil escolhesse a chinesa Huawei, detentora da tecnologia, e tem feito pressão alegando questões de segurança nacional, que poderia ser colocada em risco se a companhia chinesa tivesse acesso a uma enorme quantidade de dados sensíveis do Brasil.

Apesar dessas pressões, os norte-americanos dizem publicamente, e em conversas privadas, que não há a ameaça de reprimendas econômicas e políticas caso o Brasil opte pelos chineses e que mesmo o acordo comercial não estaria descartado por isso, mas poderia sofrer atrasos.

Os termosEsse mini acordo comercial, segundo fontes da diplomacia americana, tem o objetivo de tornar menos burocrático e mais barato o fluxo de produtos entre os dois países. A retirada de barreiras comerciais é o que está na mesa.

Além de mais negócios na área mineral, acordos na área da energia nuclear também são discutidos, assim como no setor aero-espacial, com um acordo de utilização da base de Alcântara, no Maranhão.

Para que o acordo ganhe corpo e deixe de ser “mini”, os americanos e brasileiros estão negociando formas de contornar as regras do Mercosul, que obrigam o Brasil a negociar em bloco com seus vizinhos em vários setores.

 

 

Fonte: Metropoles


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