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Postado em 13 de agosto de 2020 | 17:09

Covid: transporte Brasil-países árabes não foi tão afetado

Segundo o secretário-geral da União das Câmaras Árabes, Khaled Hanafy, o impacto na logística do comércio entre as duas regiões foi menor que esperado. Ele falou em webinar promovido pela entidade com a Câmara Árabe. Senador Jean Paul Prates disse no evento que Brasil preciso expandir produção para exportar a árabes.

O impacto da covid-19 na logística do transporte de mercadorias entre o Brasil e os países árabes foi menor do que o esperado, segundo o secretário-geral da União Geral das Câmaras Árabes, Khaled Hanafy. Ele participou de webinar sobre os impactos da covid-19 na logística entre o Brasil e os países árabes, promovido pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira em parceria com a União das Câmaras Árabes, na manhã desta quarta-feira (12), que contou com público de cerca de 900 pessoas do Brasil e exterior.

Hanafy fez sugestões para melhorar a logística

“Estávamos esperando que fosse pior, mas não afetou tanto assim, o que é bom. Também aprendemos que uma ligação entre os árabes e o Brasil e os países latino-americanos tem muito potencial, porque no momento a situação não é perfeita no transporte e logística, o que pode ser visto como algo ruim, mas por outro lado, significa que há muito espaço para crescimento e aprimoramento”, declarou.

O senador e presidente do Grupo Parlamentar Brasil-Países Árabes (foto acima), Jean Paul Prates (PT-RN), assegurou que a logística no Brasil funciona normalmente, dentro dos protocolos sanitários e logísticos estabelecidos por cada estado e pelo Ministério da Saúde. “A logística brasileira está funcionando normalmente diante da questão da pandemia, ela não parou, isso é importante mencionar”, disse.

Chohfi falou sobre ampliar o comércio

Segundo Hanafy, há três pilares nos quais os países podem trabalhar para melhorar a logística e comércio. “O primeiro é o de linhas diretas regulares de transporte marítimo, o segundo é de soluções de logística, e o terceiro é de troca de commodities que possa resolver alguns problemas. Confirmo que a ideia não é capitalizar no simples comércio internacional, a ideia é ter uma parceria estratégica”, disse Hanafy.

O secretário-geral da Câmara Árabe, Tamer Mansour, foi o moderador do evento. “Definitivamente temos que trabalhar junto ao governo brasileiro e ao setor privado porque há grandes oportunidades para implementar essas ideias”, falou.

Prates afirmou que a linha marítima direta é importante para os negócios. “A criação de rotas de navegação não é simples, ela requer toda uma análise e toda uma garantia de escala antes – ninguém vai botar uma linha onde não existe mercado – e também uma simplificação burocrática, uma eficiência, e principalmente uma boa vontade e interesse dos portos brasileiros”, disse.

Ali: é preciso fortalecer investimento mútuo

O vice-presidente de Relações Internacionais da Câmara Árabe, Osmar Chohfi, disse no webinar que a questão logística é de suma importância para o intercâmbio comercial entre o Brasil e o mundo árabe. “Cerca de 6% do comércio exterior brasileiro é feito com o mundo árabe. Realizamos estudo interno e avaliamos a possibilidade de expansão das exportações brasileiras aos árabes de US$ 11 bilhões para US$ 20 bilhões nos próximos quatro anos. O intercâmbio bilateral poderia chegar a cerca de US$ 30 bilhões anuais em um futuro não muito longínquo”, disse. Para isso, Chohfi afirma que é preciso intensificar ações de marketing, promoção de produtos, ter um quadro institucional favorável, fazer investimentos produtivos e promover estudos aprofundados sobre logística.

Ahmed El Wakil: investimento em logística é prioridade

O secretário-geral adjunto para assuntos econômicos da Liga dos Estados Árabes, Kamal Hassan Ali, afirmou que o setor de transporte e logística mundial foi fortemente afetado pela pandemia, uma vez que as indústrias estão envolvidas num movimento de armazenamento, transporte, compra e fluxo de mercadorias como parte integrante das cadeias de valor globais. “Trabalhemos para fortalecer os investimentos mútuos em todas as áreas para alcançar os objetivos planejados no Brasil e no mundo árabe”, disse.

O presidente da Câmara de Comércio de Alexandria, Ahmed El Wakil, afirmou que o investimento em logística se tornou prioridade com a pandemia. “Com as consequências da pandemia que ameaçam a economia mundial e com a queda nas cadeias produtivas queremos trabalhar para evitar o pior, e não podemos depender de apenas uma fonte, então tivemos a ideia de diversificar as cadeias produtivas para garantir que essas cadeias continuarão através de apoio à indústria local. Vamos apoiar os trabalhos para vencer essas crise, assim sendo, o investimento na logística se tornou prioridade mais do que era antes”, declarou.

Marcos Valentini: fortalecer parcerias estratégicas

O especialista em Logística e Supply Chain, cientista de Dados e sócio-fundador da Scl Big Data Analytics, Marcos Valentini, falou sobre como fortalecer parcerias estratégicas com a digitalização da cadeia de segurança alimentar, contratos de longo prazo, índice de preços indexados para insumos de commodities, consolidação de compras e de logística.

Produção para os árabes

O senador Prates afirmou que o Brasil precisa enfrentar dois grandes desafios, com ou sem pandemia, que são a expansão da escala e a qualificação da produção destinada aos países árabes.

O senador lembrou que, quando esteve em viagem presidencial aos países árabes com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2003, levou projetos de exportação de fruticultura, ovinocultura e de pedras ornamentais. “Apenas como exemplo de análise, eu diria que estamos num estágio bem maduro da fruticultura hoje. No entanto, ela ainda é incipiente no Oriente Médio. Por exemplo, os Emirados Árabes compram US$ 2,2 bilhões em frutas do mundo e o Brasil representa US$ 17 milhões, menos de 1% das frutas importadas por eles, embora nós sejamos exportadores absolutos de frutas”, disse.

Tamer Mansour: Grandes oportunidades

A ovinocultura, segundo o senador, carece de padronização, perenização e customização da atividade para o padrão halal, mas tem um potencial enorme se houver investimento na produção. “As pedras ornamentais são obrigadas por questões de processamento e industrialização a passar pela Europa antes de ir para os países árabes, podiam ir diretamente”, disse.

Além da expansão da escala, da qualificação da produção e das condições de financiamento, Prates mencionou ainda a questão dos intermediários entre as produções brasileiras e o destino árabe. “A maior parte das nossas produções, por razões de escala, logísticas e comerciais, são obrigadas a passar por portos europeus, o melão por exemplo, tem que passar por Roterdã, não existe uma linha direta”, disse.

Falaram também o presidente da Autoridade Geral para o Desenvolvimento da Zona Econômica do Canal de Suez, Yahia Zaki, o diretor de Novas Outorgas e Políticas Regulatórias Portuárias da Secretaria dos Portos do Brasil, Fábio Lavor, a vice-presidente da América Central e do Sul da Associação Internacional de Portos (IAPH) e diretora de Negócios Internacionais e Inovação do Porto de Açu, Tessa Major, e a decana da Faculdade de Transporte Internacional e Logística da Academia Árabe Para Ciências e Transporte Marítimo e assistente Econômica da União das Câmaras Árabes, Sarah Elgazzar.

 

 

Fonte:  ANBA


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