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Postado em 10 de março de 2019 | 16:47

Com estoques de soja no fim em portos no Pará, Abiove vê retomada na BR-163

Com os estoques de soja perto do fim nos terminais portuários de Miritituba e Barcarena, no Pará, a indústria exportadora espera que se confirme uma expectativa do governo de liberar o tráfego de caminhões com o produto na BR-163 em direção ao Norte, disse o economista-chefe da Abiove, Daniel Amaral.

Chuvas interditaram desde o final do mês passado o tráfego de caminhões na importante rodovia que abastece o porto fluvial de Miritituba, do qual barcaças partem com soja em direção aos terminais de Barcarena, onde navios seguem com o produto com destino aos países importadores.

“Os terminais em Miritituba e Barcarena estão abastecidos até amanhã (sexta-feira). Como a colheita foi antecipada, então os terminais conseguiram ficar abastecidos (no período da interrupção)”, disse Amaral à Reuters, acrescentando que uma retomada do transporte de soja pela BR-163, conforme previsto pelo Dnit, deve permitir que os portos voltem a ser abastecidos.

O porto de Miritituba recebia cerca de 35 mil toneladas/dia de soja antes da interrupção, segundo a Abiove.

A interrupção do tráfego na BR-163 foi o primeiro problema logístico relevante nesta safra 2018/19, disse Amaral, lembrando que dessa vez o setor vem recebendo apoio das autoridades para que a situação seja normalizada com maior celeridade na região da rodovia, principal acesso aos portos paraenses, que enfrentou problemas mais graves no passado.

“Este ano temos uma situação um pouco diferente da de dois anos atrás, porque temos um acompanhamento de perto pelo Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte), pelo Exército, pelo ministro (da Infraestrutura, Tarcísio Freitas), que está pessoalmente acompanhando as obras. Do ponto de vista institucional, estamos tendo uma assistência muito melhor”, disse ele, ressaltando que isso inclui fornecimento de água e alimentos para os caminhoneiros que ficam parados na estrada.

Segundo o economista da Abiove, ainda não é possível mensurar perdas decorrentes da interrupção no tráfego da BR-163. Mas ele lembrou que algumas tradings globais estão realocando a carga para outros terminais, ainda que não seja algo generalizado, o que acarreta um custo adicional de 35 a 40 reais por tonelada, em média.

Segundo o presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), Sérgio Mendes, por enquanto não houve impacto nas exportações brasileiras, uma vez que o setor contou com estoques.

“Havia estoques lá. Não resultou em ‘demurrage’ ainda, mas já estamos em um ponto crítico, se continuar mais dois ou três dias teremos problemas. Navio ter de pagar ‘demurrage’ é lamentável”, afirmou ele à Reuters.

A “demurrage” é cobrada dos contratantes quando navios extrapolam o tempo de permanência nos portos em relação ao que fora previamente acertado com os armadores. Segundo Mendes, essa multa pode chegar aos 15 mil dólares por dia.

O Brasil é o maior exportador global de soja e um dos maiores de milho. Os portos do Norte têm sido importante rota para reduzir os gargalos logísticos nos portos do Sul/Sudeste.

“Na exportação em si, ainda não tivemos problemas, mas estamos no limite…”, acrescentou Mendes.

IMAGEM
O dirigente da Anec ressaltou, contudo, que tais problemas afetam a imagem do Brasil como exportador.

“Estamos transmitindo a imagem de um exportador com problemas que já deveriam ter sido solucionados, em um momento que os Estados Unidos estão com estoques”, afirmou Mendes, lembrando que os norte-americanos detêm amplas reservas de soja para comercialização devido a impactos da guerra comercial com a China desde o ano passado.

A liberação dos caminhões no sentido sul da BR-163, retornando dos portos de Miritituba, ocorreu na tarde de quarta-feira. Mais de 1.200 carretas passaram pelo posto de controle e atravessaram os trechos críticos restaurados pelo Exército e pelo Dnit.

Amaral, da Abiove, explicou que, por conta dos trechos ainda sem asfalto, a rodovia não aguentou o volume elevado de caminhões nesta época de escoamento da safra, principalmente de Mato Grosso, e isso trouxe um problema de congestionamento, “que está sendo equacionado pelas autoridades”.

A partir da liberação, o trânsito de carretas na região ocorrerá alternadamente em sentido único, das 6h às 22h, segundo o Dnit.

A operação será mantida com o objetivo de evitar novas paralisações. Durante as madrugadas, as equipes do Exército e Dnit realizarão as obras de manutenção e recuperação que forem necessárias.

Fonte: Reuters


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