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Postado em 9 de março de 2020 | 18:40

Tecnologia é aliada das mulheres no Porto de Santos

Há alguns anos, a figura do trabalhador portuário era de um homem forte, que empilhava sacas de café sobre os ombros. Hoje, com a automação de embarques e desembarques, o processo é conduzido por profissionais com um perfil bem diferente. As mãos não são calejadas e as unhas podem ser até pintadas. Se a força não impera, ela dá espaço ao cuidado e à capacidade de desempenhar múltiplas funções ao mesmo tempo.

As mulheres entraram no setor portuário e chegaram para car. Engana-se quem pensa que as profissionais ficam apenas nos escritórios, em cargos de gestão ou de apoio. Elas estão nos pátios, nas ferrovias, na operação de equipamentos que transportam toneladas de cargas a dezenas de metros de altura do chão. Não há limites para a participação feminina no setor portuário. Neste contexto, a tecnologia é uma aliada. E o processo de automação foi iniciado com os primeiros arrendamentos portuários, na década de 90. Produtividade e eficiência passaram a ser palavras de ordem e os equipamentos de última geração se tornaram aliados.

A superintendente chefe de gabinete da Autoridade Portuária de Santos, a antiga Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), Jacqueline Wendpap, tem 35 anos de experiência no setor portuário. Em parte desse tempo, a executiva atuou na implantação da antiga Lei de Modernização dos Portos, a 8.630, de 1993. Durante esse tempo, muitas barreiras foram quebradas. No entanto, para Jacqueline, os desafios ainda não foram totalmente vencidos.

A executiva aponta que as mulheres ganharam espaço. Mas ele ainda é pequeno em relação à participação feminina nas decisões e nas operações portuárias. Atualmente, na Autoridade Portuária de Santos, são 174 mulheres em um universo de 1.292 empregados, o que representa 13,5% do total. Elas ocupam somente 26% dos cargos de chefia.

Na Guarda Portuária, a participação feminina é ainda menor, de 10,2%. Elas são apenas 33 entre 324 profissionais. Já entre os 125 amarradores, as mulheres são apenas 19. “Talvez por eu nunca ter me visto mulher no ambiente de trabalho, eu trabalhava. Nesta medida, eu não conseguia entender os obstáculos que plantavam como obstáculos mais da mulher. Eu os superava. Depois de anos e anos, eu realmente vejo que eram obstáculos por eu ser mulher. A minha maturidade me trouxe essa visão maior. Eu acho que a minha vida profissional teria sido menos dolorosa se eu não fosse mulher. Realmente, a gente tem que se armar todos os dias e isso não é fácil, destacou a executiva.

Tecnologia é aliada

Com a automação das operações, as mulheres podem alcançar qualquer posto no setor portuário. É o que garante a operadora multimodal do Terminal Integrador Portuário Luiz Antonio Mesquita (Tiplam), Taís Souza.

A profissional é responsável pela operação de um shiploader, equipamento que faz o carregamento de granéis sólidos em navios. Toneladas de soja, milho e açúcar são despejados nos porões das embarcações com seus comandos. Tudo a cerca de 30 metros de altura, o equivalente a um prédio de 10 andares. “Ainda há alguns trabalhos mais braçais que mulheres não podem fazer mas tem a tecnologia que está ajudando bastante com os equipamentos e as qualificações e cursos para as mulheres poderem operar máquinas”, afirmou Taís.

Conança Há sete anos, a operadora de RTG da DPW Santos, Fabiana Nascimento Almeida, quebrou uma barreira. Ela é a primeira mulher a assumir o comando de um equipamento deste porte no cais santista. Sua função é retirar contêineres de carretas, armazená-los no pátio e preparar para embarque em navios. A vontade de atuar no Porto veio muito antes da contratação, em um momento em que as mulheres ainda não tinham espaço na operação portuária. Mas Fabiana aproveitou a licença maternidade para se qualificar e investir na nova carreira. “Hoje foi quebrado esse tabu. Eu provei que posso operar um equipamento daquele, que posso produzir tanto como um homem. Hoje em dia não vejo mais esse tipo de preconceito no Porto”.

Fonte: A Tribuna


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