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Postado em 7 de maio de 2020 | 18:24

Exportações do agronegócio têm queda de 23% no primeiro trimestre no RS

As exportações do agronegócio gaúcho iniciaram 2020 com recuo, registrando queda brusca em setores que vinham acumulando bons resultados. O primeiro trimestre de 2020 apresentou queda de 23,3% na comparação com o mesmo período do ano anterior.

Janeiro, fevereiro e março somaram US$ 1,8 bilhão em exportações – US$ 547,5 milhões a menos do que no mesmo período de 2019, quando as vendas chegaram a US$ 2,3 bilhão. As informações fazem parte do boletim Indicadores do Agronegócio, divulgado na manhã desta quarta-feira (6) pela Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão (Seplag). Os dados brutos são do Sistema Comex Stat, administrado pelo Ministério da Economia.

O resultado negativo do trimestre foi determinado, principalmente, por três setores. A venda de produtos florestais registrou queda de 68,5%, e a de fumo, 39,4%. O setor de cereais, farinhas e preparações também teve diminuição de 33,5%.

Apesar de o Rio Grande do Sul enfrentar os reflexos do coronavírus, ainda não é possível observar a influência destes fatores no primeiro trimestre:

– Ao mesmo em que há queda na demanda por celulose e por fumo, também há crescimento na busca por soja e por carnes. Isso mostra que não houve problemas de logística. O que notamos é que os outros anos tiveram uma exportação fora da curva, principalmente de celulose, e sabíamos que não conseguiríamos alcançar neste ano. A venda de fumo também teve seu comportamento modificado, influenciando nos números do primeiro trimestre. Mas estes fatores reforçam a ideia de que ainda não há impacto do coronavírus – diz o analista pesquisador do Departamento de Economia e Estatística da Seplag, Sérgio Leusin Júnior.

O destaque positivo do trimestre foi a alta nas vendas de carnes, que chegou a 60,6%, e do complexo soja, que alcançou 17,7%.
Apesar de queda, China ainda é principal parceiro comercial
A China registrou, no primeiro trimestre, queda de US$ 128 milhões nas compras do Rio Grande do Sul. Apesar disso, o país segue como principal parceiro comercial do Estado, responsável por 23,6% do valor total comercializado.

União Europeia (15,7%), Estados Unidos (6%), Coreia do Sul (4,8%) e Arábia Saudita (4,5%) seguem o ranking de participação nas vendas. No geral, o bloco europeu foi o responsável pela maior queda percentual no primeiro trimestre, atingindo 33,5% a menos.

Entre os produtos florestais, a celulose registrou forte redução nas vendas, atingindo 76,3% a menos. Isso tem relação com os recordes registrados em anos anteriores. No setor de fumo, a China interrompeu por completo as compras, o que levou a redução de 41,1% nas vendas de fumo não manufaturado. Nos cereais, a redução de 55,6% nos embarques de trigo foi o principal responsável pelo impacto negativo.

No entanto, chama a atenção que as vendas de carne suína atingiram o maior valor para um primeiro trimestre desde o início da série histórica, em 2007. O aumento foi de 78,6%. Segundo os pesquisadores, a alta ainda reflete os efeitos da peste suína africana, que fez com que a China aumentasse a demanda pelo produto. As vendas de carne de frango também registraram crescimento de 82,1%.
Coronavírus e estiagem
Segundo o boletim, ainda não é possível sentir impacto direto das restrições causadas pelo coronavírus. No entanto, Leusin teme que isso possa acontecer no segundo trimestre – não por demanda externa, mas por problemas domésticos:

– A China seguirá com sua demanda por carnes, e talvez o bloco europeu já tenha passado pelo pior no que se refere à pandemia. Os maiores riscos estão atrelados à produção e logísticas domésticas. Problemas em frigoríficos, por exemplo, podem limitar a exportação de carnes. Precisamos ficar atentos a isso – diz o pesquisador.

O estudo também considera que, ainda que tenha se mantido no topo do ranking de países importadores, a China modificou significativamente o mix de produtos comprados do Rio Grande do Sul. Houve maior participação de produtos alimentícios em detrimento de insumos industriais para outros usos.

O fato de o dólar estar em patamares mais altos também traz benefícios para a exportação, já que se converte em valor maior para os produtores.

No que se refere à estiagem, o primeiro trimestre do ano também não reflete os efeitos da produção reduzida – o complexo soja, por exemplo, teve aumento de 17,7%. No entanto, as vendas do segundo trimestre devem retratar os prejuízos no setor. Em 2019, o total chegou a 2,9 bilhões.

– A estiagem vai impactar diretamente as culturas de verão que estão sendo colhidas agora. Na soja, com certeza, teremos restrição de oferta. Haverá menos para ser exportado, e o impacto vai ser distribuído ao longo do segundo e terceiro trimestre – estima Leusin.

O impacto no rendimento da produção chega a 29,3% na soja, 19,9% na lavoura de fumo e 18,6% no milho. Somente a produção de soja tem perda estimada inicialmente de 5,1 milhões de toneladas – e a quebra poderá ser ainda maior em função da falta de chuvas.

Fonte: Zero Hora


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