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Postado em 17 de março de 2020 | 18:51

Com a extinção de gargalos, hidrovia pode quase triplicar a sua capacidade

Considerado o principal modelo de transporte intermodal de cargas brasileiro, o Sistema Hidrográfico Tietê-Paraná apresenta, pelo menos, nove obras atrasadas ou paralisadas. Com a extinção destes “gargalos”, a bacia pode quase triplicar a sua capacidade de escoamento de insumos. Na última sexta-feira (13), empresários do setor e autoridades estiveram reunidos em Barra Bonita (68 quilômetros de Bauru) para discutir o tema. A 2.ª edição do “Barra Bonita Capital da Navegação” ocorreu a bordo da embarcação Aquarius. O representante da Secretaria de Logística e Transportes do Estado de São Paulo, Luiz Alberto Fioravante, informa que o Estado mobiliza esforços em prol do que considera a terceira maior hidrovia do mundo (leia abaixo).

Presidente do Sindicato dos Armadores de Navegação Fluvial do Estado de São Paulo (Sindasp), Luizio Rizzo Rocha informa que, atualmente, a entidade cuida do transporte de 3 milhões de toneladas de milho, farelo e cana-de-açúcar por ano. As embarcações são carregadas em São Simão, em Goiás, e esvaziadas em Pederneiras ou Santa Maria da Serra. Os insumos acabam em Santos, no Litoral paulista, rumo à exportação.

Caso o poder público entregue as obras dentro de três anos, Luizio espera que a instituição passe a administrar, anualmente, o escoamento de até 8 milhões de toneladas de produtos agrícolas. Segundo o presidente do Sindasp, a intervenção mais urgente corresponde à de Avanhandava. “A obra deverá ser retomada em 2020 e, se tudo correr bem, acabará em 2023. A partir daí, tenho confiança de que os empresários do setor voltarão a investir”, complementa.

Bastante otimista, Luizio também adianta que a entidade pretende retomar o transporte de celulose, de Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, a Pederneiras. “No passado, o serviço chegou a existir, mas a falta de embarcações provocou a sua suspensão. Os problemas da hidrovia tiraram a confiança dos investidores, que fugiram após a seca registrada entre os anos de 2014 e 2015”, acrescenta.

Hoje, o presidente do Sindasp assume que a iniciativa privada ainda tem medo de investir. Ele aponta a necessidade de recuperar a credibilidade da hidrovia, fato que motivou a 2.ª edição do “Barra Bonita Capital da Navegação”. O evento contou com o apoio da instituição e a sua realização ficou sob responsabilidade da Federação Nacional das Empresas de Navegação Aquaviária (Fenavega).

‘RIO NAVEGÁVEL’

Presidente da Fenavega, Raimundo Holanda critica a falta de investimentos. “Por isso, não quero nem chamar a Tietê-Paraná de hidrovia, mas de rio navegável”, ironiza.

Para ele, ainda existe uma insegurança muito grande. “Sempre na intenção de produzir energia elétrica, as usinas baixam o nível das águas, provocando a paralisação das navegações e, consequentemente, a perda da nossa credibilidade”, justifica.

De acordo com Raimundo, o transporte hidrográfico eficiente deixa o agronegócio competitivo junto ao mercado externo. “Nas hidrovias brasileiras, você consegue transportar 50 mil toneladas de insumos com apenas seis tripulantes. Nas rodovias, precisaria de, no mínimo, 2 mil carretas para fazê-lo”, explica.

O presidente da Fenavega defende que o setor traz resultados, mas não votos. “Enquanto você tem milhões de motoristas de caminhões, há poucos aquaviários. Por isso, a ausência de interesse político em investir neste segmento”, argumenta.

EM NÚMEROS

A Hidrovia Tietê-Paraná possui 2,4 mil quilômetros de vias navegáveis, passando por cinco estados brasileiros. Ao todo, apresenta uma área de influência de 1,5 milhão de quilômetros quadrados.

Atualmente, ela comporta o escoamento de 10 milhões de toneladas de insumos por ano. No mesmo período, o modal retira 190 mil caminhões das estradas. Porém, a hidrovia tem capacidade para transportar mais de 20 milhões de toneladas a cada 12 meses. O local conseguiria remover, anualmente, 380 mil veículos pesados das rodovias.

Poder público aposta em parcerias

Em meio a um cenário de contenção de despesas, o poder público, por sua vez, aposta em parcerias com a iniciativa privada.

Representante do Ministério da Infraestrutura, Alexandre Vaz Sampaio reconhece a importância do sistema hidroviário para o planejamento do transporte brasileiro e afirma que o governo federal está focado em investir na sua intermodalidade.

Ainda segundo ele, transportes alternativos garantem uma logística eficiente.

“Exemplo disso são os investimentos aplicados, pelo poder público em parceria com a iniciativa privada, no Norte do País, principalmente, na Hidrovia do Tapajós”, completa.

Para o Sudeste, ele traz uma perspectiva de aplicar recursos em pontos estratégicos. “O governo federal, portanto, começou a pensar em projetos de concessão hidroviária”, revela.

Já o representante da Secretaria de Logística e Transportes do Estado de São Paulo, Luiz Alberto Fioravante, alega que o governo estadual também mobiliza esforços em prol do que considera a terceira maior hidrovia do mundo.

Tanto que, no próximo dia 18, haveria uma reunião em Bauru para discutir o assunto. No entanto, a pasta precisou suspender, devido a um compromisso junto ao governador João Dória (PSDB).

De acordo com Luiz Alberto Fioravante, o encontro também serviria para estimular a participação da iniciativa privada no projeto.

“Nós buscamos a multimodalidade, integrando rios, estradas e ferrovias”, acrescenta.

O representante do órgão garante que uma nova reunião será marcada em breve.

Fonte: JCNet


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